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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Você quis (Alvaiade / Nicola Bruni)

Eu não queria nada
Você quis, então vai ter
Você foi, por isso
Um marimbondo sem saber

Olha que em terra alheia
Se pisa bem devagar
Terra estranha tem isso
Precisa saber pisar

Esqueceu o tal ditado
Que a gente sabe de cor
Quem tudo quer tudo perde
Quem ri no fim ri melhor

Vida de rainha (Alvaiade / Monarco)

Eu dei-lhe uma vida de rainha
E não era meu feitio dar boa vida a ninguém
Você ainda podia ser minha
Se você tivesse linha, valorizasse alguém
Até papel de palhaço eu fiz
Para me fazer feliz e feliz você também
Mas nunca vi tanta rudez
Pela derradeira vez: seja feliz, meu bem

Felicidade é o que eu mais lhe desejo
Muito embora eu não queira
Mais saber dos seus beijos
Eu não guardo ódio nem rancor dentro de mim
Só porque nosso amor chegou ao fim
Foi melhor pra mim

Vem amor (Alvaiade / Wilson Batista)

Ah, já não posso mais
Já é demais minha dor
Volta pra mim, por favor
Minha vida sem você é um horror

Ah, amor, me apaixonei
Preciso da linha luz do seu olhar
Vem, amor, me consolar
Perdi o gosto em matar o meu desgosto

Porque choras? (Alvaiade)

Porque choras? Ri
Homem chorando é novidade
Já sei quem lhe faz chorar
É quem você fez toda vontade
E assim mesmo foi para outro alguém
É por essas e outras
Que eu não amo a ninguém

É feio um homem chorar por causa de uma mulher
Mas sua sorte é essa, seja o que deus quiser
Aceite, o seu sofrimento pra ela é um prazer
Você fica chorando e ela sorri por lhe ver sofrer

Pensando no futuro (Alvaiade / Djalma Mafra)

Agora vou botar o meu no canto
Eu tenho esbanjado tanto
Já é tempo de aprender a viver
Quando a velhice me abraçar
Terei um teto e uma cama pra descansar

Eu sei porque me querem e me tratam muito bem
Mas espero na velhice não precisar de ninguém
Enquanto é tempo vou mudar o meu pensar
Não serei um avarento mas vou economizar

Para o bem do nosso bem (Alvaiade)

Eu não direi
O que se passou entre nós
Eu não direi
Para o bem do nosso bem
Eu não direi o que se passou entre nós a ninguém

Vou-me embora em silêncio
Chega de me aborrecer
Quando o gênio não combina
Na vida não há prazer
O teu segredo
Não vou contar a ninguém
Teu amor me meteu medo
Prefiro arranjar outro alguém

Não fique triste
Isso é normal
Quando os casais separar
Isso é muito natural
Vou-me embora, vou-me embora
Por esse mundo sem fim
Nosso gênios não combinam
Não posso viver assim

Papai do meu coração (Alvaiade / Gaya)

Alegre, feliz na calçada
Espero meu papai chegar
Cansado ele vem do trabalho
Sorrindo ele vem me beijar

Depois, abraços assim
Entramos em nosso lar
Onde a mamãe nos espera
Sempre feliz a cantar

Papai, papai, papaizinho
Papai do meu coração
À noite quando me deito
Estais sempre em minha oração

O que vier eu traço (Alvaiade)

Quando eu faço o meu sambinha batucada
A turma fica abismada
Com a bossa que eu faço
Não me embaraço porque não há tempo
Marco meu contratempo dentro do compasso
Quem não tiver o ritmo na alma
Nem cantando com uma escova
Faz o que eu faço
Samba canção, samba de breque, batucada
Para mim não é nada
O que vier eu traço

Não tenho veia poética
Mas canto com muita prática
Não faço questão de métrica
Mas não dispenso a gramática

Não me atrapalho na música
Nem mesmo sendo sinfônica
Procuro tornar simpática
A minha voz microfônica

O galo do vizinho (Alvaiade / J. Assunção)

Meu vizinho tem um galo
É o meu despertador
Quando é de manhã cedo
Ele me acorda pro batedor
Quando o galo canta
Eu fico na indecisão
Não sei se vou trabalhar ou não

Aí eu me recordo
Que o mês da casa venceu
A família é muito grande
Mas quem resolve sou eu
Muito me entristesse a minha situação
Tomo banho, me visto
E vou pra repartição

Não posso pisar na areia (Alvaiade)

Não posso chegar na praia
Não posso pisar na areia
Minhas pernas ficam bambas
Minha cabeça tonteia

Minha cabeça tonteia
E eu não sei porque é
Não posso pisar na areia
Não posso encarar a maré

Sei que meu pai é Xangô
E minha mãe Yemanjá
Papai é rei da justiça
Mamãe, rainha do mar

Meu trabalho (Alvaiade / Alberto Maia)

Moço
Meu trabalho é pesado como o que
Moço
Meu batente é duro de doer

Levanto cedo vou pro meu trabalho
Vivo contente procedendo assim
Além dos filhos que deixei em casa
Tem uma dona que cuida de mim

A minha mão é toda calejada
Trabalho muito no cabo da enxada
A minha vida não é sopa não
São 8 bocas me pedindo pão

Eu chorei (Alcides Lopes / Alvaiade)

Eu chorei
Quando soube que o nosso amor morreu
Triste fiquei
A minha alegria sumiu até hoje não apareceu

Quem não anda com sorte
Deve então evitar o amor
Se eu nunca pensasse em amar
Não sentia essa dor

Eu bem sei (Alvaiade)

Eu bem sei
Que zombas de mim, meu bem
Infelizmente, se sofro é porque eu quis
Quando vieste triste, implorando
Eu devia sorrir zombando
E não te fazer feliz

Fostes ingrata demais
Pra mim não faz mal
Não soubeste retribuir minha amizade
Tudo que pediste com prazer eu fiz
Hoje me abandonas e ainda sorri

Eu ainda sou eu (Alvaiade)

Eu também já fui moço, já fui um colosso
Elas diziam assim para mim
Já fiz moça chorar, se apaixonar
Até o suicídio tentar
O tempo passou e tudo mudouMarcadores
Lá se foi meu apogeu
Mas venha de fininho
Que mesmo velhinho eu ainda sou eu

Eu não era perfeito eu tinha um defeito
Das madrugadas era fã
Quando anoitecia, de casa eu saía
Só regressava de manhã
Minha cabrocha era tão boa
Tinha um gênio especial
Nunca se zangava e achava tudo tão natural

Êta, Rio (Alvaiade / Nicola Bruni / A. F. Silva)

Êta, Rio
Êta, Rio
O sol é quente
Mas tu és muito mais quente que o verão
Êta, Rio do meu coração

Não há no mundo inteiro
Não há igual ao Rio de Janeiro
É, é mesmo infernal
O clima é quente
E a morena é tropical

Entre nós não existe compromisso (Alvaiade)

Por favor, não faça isso
Entre nós não existe compromisso

O que há entre nós é natural
É amizade espiritual
Não, não faça isso
Entre nós não existe compromisso

Coloque a cabeça no lugar
Atitude não se toma sem pensar
Ninguém tem direito de matar ninguém
Pois o remorso também mata devagar

É mato (Alvaiade / Wilson Batista)

Você diz que eu não lhe amo
Considero um desacato
Eu lhe tenho muita amizade
Amor no meu peito é mato

Eu não durmo sem sonhar
Com a amizade desse ingrato
Meu café de manhã cedo
É beijar o seu retrato
Eu lhe tenho muita amizade
Amor no meu peito é mato

Meu amor já tem raiz
Em meu coração pacato
Você diz que eu não lhe amo
Considero um desacato
Eu lhe tenho muita amizade
Amor no meu peito é mato

É coro só (Alvaiade / Nélson Trigueiro)

É coro só
Pessoal, é coro só
Coro é primeira parte
E o estribilho também
Quem quiser que faça verso
Porque o verso não tem

A ordem é fazer verso
Ouça o meu improviso
Eu aprendi no bom tempo
Digo e não fico indeciso

Tem talento e beleza
E mora no meu coração
15 letras tem seu nome
Thereza de Aragão



Salve o Globo e A Noite

Salve também O Jornal

Não querendo ir mais longe

Salve a imprensa em geral

Deus me ajude (Alvaiade - Estanislau Silva - H. de Carvalho)

Deus me ajude
Me dando força e saúde
Telho filho pra criar
Um inocente
Não pensa igual a gente
E na hora certa
Quer saber de se alimentar

De manhã muito cedinho
Ele toma o cafezinho
Pega o livro e vai estudar
Eu me despeço da patroa
Que pra mim é muito boa

Saio e vou trabalhar

De sol a sol (Alvaiade / Ary Monteiro)

Não há razão em dizer
Que eu trabalho pouco
Se você visse meu trabalho
Até ficava louco
A minha vida é outra
Não sou nenhum rouxinol
Trabalho muito de sol a sol

Você não tem razão
Só conhece a boemia
Você nunca enfrentou
O sol de janeiro ao meio dia

Dinheiro consigo é mato
Eis aí grande verdade
Levanto às 6 da manhã
E você, às 4 da tarde

Daqui até lá tem tempo (Alvaiade / Ary Monteiro)

Daqui até lá tem tempo
Tem tempo daqui até lá
Joga o sino tá sem taco
Pra seu governo, rapaz
Malandragem é meu fraco
Porque sou vivo demais

Vê se mora na jogada
Pra não me comprometer
Por favor não dê mancada
Se não queres me perder

Combinamos pra amanhã
Não convém se afobar
Devagar também é pressa
Pra quem não quer se cansar

Sou do morro e do asfalto
Sou madeira pra valer
Querem me jogar pro alto
Mas não vai dar pra entender

Concurso pra enfarte (Alvaiade)

Saber sofrer
Para mim é uma arte
Mas aguentar você
É concurso pra enfarte
Eu não, eu não, eu não
Quero morrer no meu dia
Não quero antecipação

A vida é muito bonita
Quando vivida sem perturbação
Sofrer para mim é arte
Morrer de enfarte isso não

Cara bonita (Alvaiade / José Rosas / João de Oliveira)

Não é essa cara bonita
Esse corpo delgado
Que vai me prender
Eu sou mais eu
Quem manda na minha vida sou eu

Beleza não põem mesa
Agora acabei de crer
Só escraviza
Quem não tem poder

Brigas de amor (Alvaiade / Djalma Mafra)

Não me sinto bem neste ambiente
Tenho o coração ferido
Por alguém que está presente
Deus sabe de todos
Cada um sabe de si
Devo retirar-me
Porque sou demais aqui

Não quero transformar
Esta alegria de risos e flores
Em correriras, prantos, enfim
Dissabores
Porque ninguém tem culpa
Que eu sofra e você também
Vou retirar-me para o bem do nosso bem

Brasil, terra da liberdade (Alvaiade / Nílson Gonçalves)

Brasil
Terra da liberdade
Brasil
Não usou de falsidade
Meu irmão foi pra guerra
Defender essa grande terra
Meu Brasil precisando
Eu vou
Ser mais um defensor

Vou pra linha de frente
Travar um duelo
Em defesa do pendão verde e amarelo
Embora eu tenha que ser
A sentinela perdida
Honrarei minha pátria querida

Banco de réu (Alvaiade / Djalma Mafra)

Sento no banco de réu e aguardo a sentença
Porque até hoje ninguém destruiu minha crença
Pela voz que ordena que eu me conforme
Porque aquele que mora lá em cima não dorme

O sofrer é da vida eu aceito
Não guardo, porém,
Ódio ou rancor dentro do peito
Tenho a minha consciência pura e sã
Quem me condena
Não se lembra do amanhã

Banco de jardim (Alvaiade)

Tu não tinhas necessidade de viver assim
Passando as noites sobre um banco de jardim
Não vá dizer que vives assim por esporte
Despresaste meu carinho desse um pontapé na sorte

Tua falta de juízo é que te faz padecer
Eu muito me penalizo por teu infeliz viver
Sou teu amor não preciso
Mas posso te socorrer

Aliança de casada (Alvaiade / Alberto Maia)

Não zombe
Que eu falo no seu ouvido
Se eu falar um minuto é um perigo
Se até hoje ainda não disse nada
É respeitando a sua aliança de casada

Como sofre um homem respeitador
Se eu não sou eu
Perdia até o valor
Mas o culpado sou eu em ser tão direitinho
Mas agora eu aviso
Não deixe o ouvido no caminho

Abaixo do nível (Alvaiade / Odaurico Mota)

A tua vida tem sido uma tragédia
Nem, sequer, na classe média
Conseguiste aceitação
E é por isso que o teu viver é horrível
Vives abaixo do nível
Da tua colocação

O teu destino
Tem um "d" tão pequenino
Que nem com microscópio ninguém consegue ver
Lamentas, mas tens a tua razão
Porque não é só do pão
Que depende o seu viver

A vida do samba (Alvaiade / Bibi)

Samba foi uma festa dos índios
Nós o aperfeiçoamos mais
É uma realidade
Quando ele desce do morro
Para viver na cidade

Samba
Tu és muito conhecido no mundo inteiro
Samba
Orgulho dos brasileiros
Foste ao estrangeiro
E alcançaste grande sucesso
Muito nos orgulha o progresso

A saudade me devora (Alvaiade / Djalma Mafra)

Não resisto a sua ausência, eu confesso
E por isso seu perdão eu peço
Eu darei o que você precisar
Se você novamente pra casa quiser voltar

Desde quando você partiu
A minha alegria sumiu
Tristesa comigo mora
Mas já me falta paciência
Pra aguentar a sua ausência
A saudade me devora

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cabrocha (Carlos Cachaça)

Cabrocha, Nunca Foste Rainha
Nem Nunca Te Inscreveram
Em Concurso De Beleza Como Miss
Mas Do Samba Brasileiro
Tens Que Ser A Imperatriz
Coroada No Estrangeiro

Vingança (Carlos Cachaça)

Não Quero Me Vingar Porque
Vingança É Sinal De Covardia
Tenho A Faca E Tenho O Queijo Em Minhas Mãos
Se Eu Quisesse Me Vingar De Ti Podia

Me Lembro Que Chorei E Tu Sorriste
Da Minha Desventura Antigamente
E Hoje És Tu Quem Choras
Não Me Vês Sorrir
Lamento O Teu Sofrer Profundamente

Eu Sei Que Já Tiveste Mil Vontades
De Me Pedir Perdão Covardemente
Não Te Desejo Mal
Mas Não Te Quero Bem
Meu Coração Agora É Diferente

Vale do São Francisco (Cartola / Carlos Cachaça)

Não há neste mundo um cenário
Tão rico, tão vário
E com tanto esplendor nos monte
Onde jorram as fontes
Que quadro sublime
De um santo pintor
Pergunta o poeta esquecido
Quem fez esta tela
De riquezas mil
Responde soberbo o campestre
Foi Deus, foi o Mestre
Quem fez meu Brasil!
Meu Brasil! Ô meu Brasil!

E se vires poeta o vale
O vale do rio
Em noite invernosa
Em noite de estio
Como um chão de prata
Riquezas estranhas
Espraiando belezas
Por entre montanhas
Que ficam e que passam
Em terras tão boas
Pernambuco Sergipe
Majestosa alagoas
E a Bahia lendária
Das mil catedrais
Terra do ouro de Tiradentes
Que é Minas Gerais

Uma esperança perdida (Aluízio Dias - Carlos Cachaça)

O meu primeiro amor
Nasceu e floriu o jardim em minha vida
Depois de viçoso morreu
Deixando em meu coração uma esperança perdida.

Aquela amizade nasceu, cresceu e depois feneceu
Deixando em minha vida uma grande dor
Hoje meu Único direito
É guardar dentro em meu peito
As cinzas daquele amor

Todo Amor (Carlos Cachaça)

Todo amor no princípio tem sabor,
Tem perfume, tem odor, que embriaga o coração
Mas depois é uma taça incolor
Que só contem amargor, dissabor e maldição

Todo amor principia com beijos e risos
E no princípio forma um paraíso
E depois com o tempo
Um dos dois vem a se arrepender,
Um amor para gozar e outro para sofrer

Tempos idos (Cartola / Carlos Cachaça)

Os tempos idos
Nunca esquecidos
Trazem saudades ao recordar
É com tristeza que eu relembro
Coisas remotas que não vêm mais
Uma escola na Praça Onze
Testemunha ocular
E junto dela balança
Onde os malandros iam sambar
Depois, aos poucos, o nosso samba
Sem sentirmos se aprimorou
Pelos salões da sociedade
Sem cerimônia ele entrou
Já não pertence mais à Praça
Já não é mais o samba de terreiro
Vitorioso ele partiu para o estrangeiro

E muito bem representado
Por inspiração de geniais artistas
O nosso samba de, humilde samba
Foi de conquistas em conquistas
Conseguiu penetrar o Municipal
Depois de atravessar todo o universo
Com a mesma roupagem que saiu daqui
Exibiu-se para a duquesa de Kent no Itamaraty

Silêncio De Um Cipreste (Cartola / Carlos Cachaça)

Todo Mundo Tem O Direito
De Viver Cantando
O Meu Único Defeito
É Viver Pensando
Em Que Não Realizei
E É Difícil Realizar
Se Eu Pudesse Dar Um Jeito
Mudaria O Meu Pensar

O Pensamento É Uma Folha Desprendida
Do Galho De Nossas Vidas
Que O Vento Leva E Conduz
É Uma Luz Vacilante Incerta
É O Silêncio Do Cipreste
Escoltado Pela Cruz

Se Algum Dia (Carlos Cachaça)

Se Algum Dia Eu Souber Que Você Vai Deixar
Meu Coração, Que É Todo Seu, Em Busca De Outro Amor
Não Serei Mais Feliz
Porque Você Não Quis
Depois Serei, Como Fui Seu,
Da Minha Dor

Se A Dor Depois, Por Ingratidão, Também Me Deixar
Eu Hei De Chorar, Com Muita Razão, Por Não Ser Feliz
E Hei De Dizer A Quem Perguntar: Prefiro Morrer
Do Que Serve Viver
Se A Dor Que Crucia Também Não Me Quis
Se Me Perguntarem A Causa Da Dor E Dos Meus Queixumes
Eu Terei Ciúmes
Não Responderei, Sentindo Depois
E Mesmo Sofrendo A Causa Da Dor
Guardarei Comigo, Em Meu Peito Amigo
E Pode Voltar À paz Entre Nós Dois

Quem Me Vê Sorrindo (Cartola / Carlos Cachaça)

Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre
O meu sorriso é por consolação
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração

O que eu sofri por esse amor, talvez
Não compreendeste e se eu disser não crês
Depois de derramado, ainda soluçando
Tornei-me alegre, estou cantando

Compreendi o erro de toda humanidade
Uns choram por prazer e outros com saudade
Jurei e a minha jura jamais eu quebrarei
Todo pranto esconderei

Pudesse meu ideal (Cartola - Carlos Cachaça)

Pudesse meu ideal
Que é o Carnaval
De encantos mil
Imortalizar neste poema
Cor de anil
Verossímil
Elevá-lo coroado
Pelas galas da história
Relembrando a memória
Do meu querido Brasil

Pudesse um dia
Juro faria
Do samba o maior herói
Concorrerias
Com as vitórias
Que existiam entre nós
Seriam páginas de intenso fulgor
E o passado teria mais valor

A própria musa
Triste confusa
Homenagem a ti ergueu
Se não sou eu
Pobre andaluza
Nem o nome dava musa
Que contei é samba banal
Valorizado só no Carnaval

Pátria Querida (Carlos Cachaça)

Eu Tenho Orgulho De Ter Nascido No Brasil
A Paz Que Encerra No Seio Desta
Terra Me Obriga A Cantar
Enquanto Eu Ouço, Grande
Alvoroço Febril Do Universo
Quero Nestes Versos,
Oh Pátria Querida,
Teu Nome Exaltar

Pátria Querida Que Dá Guarida
AUm Qualquer
A Cidade Moderna Que É Seu
Encanto, Prende E Seduz
Cidade-Luz Que A Natureza
Caprichosamente
Deu-Lhe Tudo Que Tinha Para Ser
A Rainha Soberanamente

Quando A Floresta Ensaia
Orquestra Com Seus Passarinhos
Em Cada Galho, Ninho Mas Vem A
Lembrança De Pequenos Heróis
Que Como Nós Tiveram Vontade De
Venturas Mil
De Contarem Na História
Estrofes E Glórias Para O Nosso Brasil

Não Quero Mais Amar a Ninguém (Carlos Cachaça / Cartola / Zé Da Zilda)

Não quero mais amar a ninguém
Não fui feliz, o destino não quis
O meu primeiro amor
Morreu como a flor, ainda em botão,
Deixando espinhos que dilaceram meu coração.

Semente de amor sei que sou desde nascença,
Mas sem ter a vida e fulgor, eis minha sentença,
Tentei pela primeira vez este sonho vibrar,
Foi beijo que nasceu e morreu, sem se chegar a dar,.

Às vezes dou gargalhada ao lembrar o passado,
Nunca pensei em amor, não amei nem fui amado,
Se julgas que estou mentindo, jurar sou capaz,
Foi simples sonho que passou e nada mais

Não Me Deixaste Ir Ao Samba (Carlos Cachaça)

Não Me Deixaste Ir Ao Samba Em Mangueira
E Tu Saíste Pra Brincar No Candomblé
Agora Espero Que Tu Me Mandes Embora
Amor Tão Rude
Meu Coração Não Faz Fé

Eu Não Te Deixo Ir Ao Samba Em Mangueira
Principalmente Lá Na Casa Do Arthurzinho
Eu Tenho Medo Que Tu Fiques Por Lá
Porque A Tropa Toda Sabe Brincar Direitinho

Levanta Gigante (Cartola - Carlos Cachaça)

Levantar gigante adormecido
Vamos para o alto
Que nem tudo está perdido
Põe na tua frente
Os velhos generais
Que eles mostrarão
Do que serás capaz
O teu valor Ninguém pode tirar
Levanta-te Mangueira E vem lutar

Vamos apertar
Mais o ferrolho
Vai ser dente por dente
Olho por olho
E nós vamos
Demonstrar com harmonia
Que a Mangueira
Ainda é a academia

Lacrimário (Carlos Cachaça)

Tenho Um Lacrimário Extraordinário, Lindo Relicário
Que Um Dia Fiz Do Meu Sofrer
Fiz De Agonia, Fiz De Nostalgia
Parte De Um Romance, Sem Acabar O Meu Viver

Quando Às Vezes Quero Lembrar Sorrindo A Minha Dor
Abro O Relicário Onde Guardei Tudo Que Sofri
E Para Reler As Promessas Feitas De Um Beijo
Triste, Chorando, Revejo O Romance Que Escrevi

Guardo Quase Tudo Que Se Refere Ao Meu Sofrer
São Páginas Que Leio Sintetizando A Minha Dor
E Todo O Passado Dolente , Hoje Revive
Não Guardei Porque Não Tive Saudade De Um Falso Amor

Juramento Falso (Carlos Cachaça)

Jurar É Mentir, Jurar É Fingir, Jurar É Pecado
E Eu Posso Afirmar Porque Me Juraram Um Amor Sagrado
Depois Que Entreguei O Meu Coração, Tão Crente, Na Jura
A Mesma Criatura Jurou Não Ter Jurado

Não Sei Como Pode Ainda Existir Quem Jura Mentindo
A Chorar Fingindo Que O Tal Juramento Que Faz É Sincero
Jurar Eu Não Quero
Mas Se Eu Regesse As Leis Do Senhor
Condenava E Matava
Quem Faz E Não Cumpre As Tais Juras De Amor
Já Me Arrependo De Ter Condenado A Quem Me Jurou
E Que Depois Chorou Fingindo Verter O Pranto Sentido
Já Tinha Esquecido Que A Uma Pessoa Eu Também Jurei
E Foi Mentira Jura Foi Falsa E Impura Porque Nunca Amei

Itinerário (Carlos Cachaça)

Eu Não Sei O Itinerário Para O Meu Calvário
Que O Destino Me Conduz
Vou Subindo Vacilante
Mas Se For Distante Deixarei A Minha Cruz
Pois Só Vejo Nos Caminhos Onde Passo
Espinhos Para Me Ferir
Sei Que É Covardia Quando A Dor Crucia
Não Há Quem Possa Resistir
E Sofro Tanto Tanto
Mas Sinto No Entretanto
A Vida Não Querer Chegar Ao Fim
Parece Que Os Males Todos Desse Mundo
Foram Feitos Só Pra Mim
E Vivo Triste, Triste
É Porque Já Não Existe
Pra Mim Uma Palavra De Perdão
Pedi O Lenitivo A Quem Podia Dar-Me
Sorriu Me
Respondeu Que Não

Homenagem (Carlos Cachaça)

Recordar Castro Alves,
Olavo Bilac E Gonçalves Dias
E Outros Imortais
Que Glorificaram Nossa Poesia
Quando Eles Escreveram
Matizando Amores
Poemas Cantaram
Talvez Nunca Pensaram
De Ouvir Os Seu Nomes
Num Samba Algum Dia

E Se Esses Versos Rudes
Que Nascem E Que Morrem
No Cimo Do Outeiro
Pudessem Ser Cantados
Ou Mesmo Falados
Pelo Mundo Inteiro
Mesmo Assim Como São
Sem Perfeição
Sem Riquezas Mil
Essas Mais Ricas Rimas
São Prova De Estima
De Um Povo Varonil

E Os Pequenos Poetas
Que Vivem Cantando
Na Verde Colina
Cenário Encantador
Desse Panorama
Que Tanto Fascina
Num Desejo Incontido
Do Samba Querido
A Glória Elevar
Evocaram Esses Vultos
Prestando Tributo
Sorrindo A Cantar

Harmonia Em Mangueira (Carlos Cachaça)

Que Harmonia Lá Em Mangueira
Que Dá Prazer Para Se Brincar
O Laudelino No Seu Cavaco Fazendo Coisas De Admirar

E De Repente Com Algum Enredo Que Até Causa Sensação
O Armandinho Chega De Flauta, Alípio Sola No Violão

Na Nossa Frente Tem Angenor, José Da Lucha, Tem Batelão
E O Reco-Reco Toca Sozinho
A Tropa Toda Bate Na Mão

Falta Otávio, Que Eu Não Falei
Falta Aristides, Falta Marquinhos
Falta Simão Na Mesa De Umbanda
Falta Pedrinho No Tamborim

Canta No Couro Carlos Cachaça
Fazendo Voz Pro Expedito
Pra Terminar Essa Folia O Marcelino Dá Um Apito

Eterna Mangueira (Carlos Cachaça - Wilson Moreira)

A Mangueira é um poema
A Mangueira é uma canção
A Mangueira é o grande amor
Que trago em meu coração
E há de ser eternamente

Minha Mangueira querida
Forte razão do meu ser
Emoção na minha vida
Meu berço minha infância
Meu dever

E onde eu sempre estou
Ela do meu pensamento não sai
Se vou a qualquer lugar
Ela no meu coração também vai
Ela é tão bem cantada
Ela é tão discutida como eu disse
Emoção na minha vida
E hoje eu e ela seguimos bem felizes
Prontos pra qualquer partida

Crueldade (Carlos Cachaça)

Foste Tu Cruelmente A Causa Crescente Do Meu Padecer
Me Levaste Ao Fim
Hoje Passas Por Mim Fingindo Não Me Ver

Quem Pratica A Bondade Recebe Falsidade
De Quem Não Merece
Quem Bate Nunca Se Lembra,
Mas Também Quem Apanha Nunca Se Esquece

Se Eu Depois Melhorar Então Podes Voltar
Precisando Outra Vez
Quem Já Fez Uma Faz Duas
E Não É Muito Difícil Fazer As Três

Clotilde (Carlos Cachaça)

Contigo Eu Quero Comparar O Céu, Lindo Céu,
Em Noite Linda, Em Noite De Luar
Porque Em Ti Tudo É Luz,
Que Resplende Muito Mais
Do Que As Terciárias Estrelas De Jesus

Amor, Quando Sorriso Eu Vejo, Doces Lábios De Pérolas,
Como Se Fossem Anjos Protegendo Teu Beijo
Daí, Nascida A Inspiração Formam Tantos Castelos, Poemas,
Versos, Quero, Na Imaginação
Pudesse Com Ela O Sol Viver
Perdão Senhor Meu Deus, Meu Deus, Meu Deus

Talvez Inveja Causaria, Aos Anjos De Maria, Aos Próprios
Anjos Seus, Meu Deus
Perdão Se Blasfemo Senhor, Confesso-Te Temor Nestes
Gritos Profundos
Mas Não, Não Posso Esquecê-La
Eu Quero Um Dia Tê-La Para Viver Entre Dois Mundos

Ciência e Arte (Cartola / Carlos Cachaça)

Tu és meu Brasil em toda parte
Quer na ciência ou na arte
Portentoso e altaneiro
Os homens que escreveram tua história
Conquistaram tuas glórias
Epopéias triunfais
Quero neste pobre enredo
Revivê-los glorificando os homens teus
Levá-los ao panteon dos grandes imortais
Pois merecem muito mais

Não querendo levá-los ao cume da altura
Cientistas tu tens e tens cultura
E neste rude poema destes pobres vates
Há sábios como Pedro Américo e César Lates

Caminhos da Existência (Carlos Cachaça - Delcio carvalho)

Quando comecei a conhecer o mundo
E dei os primeiros passos da jornada
Tinha uma vontade imensa e incontida
De alcançar ligeiro o porto de chegada
Mas quando senti que já andara muito
Vencendo etapas dessa longitude
Quis parar no meio do caminho
Tentei em vão, mas não pude

E hoje depois de transpor obstáculos
Beijando flores, sem temer o espinho
Falo cansado e a sós comigo mesmo
Como é tão curta a distância do caminho
A natureza nos deu tanto poder
Tanta riqueza, tudo isto é nosso
Mas queria voltar ao ponto de partida
Tenho tanta vontade, mas não posso

Brasil, Terra Adorada (Carlos Cachaça / Cartola / Arthur Faria)

Brasil, terra adorada
Jardim de todos estrangeiros
És a estrela que mais brilha
No espaço brasileiro
Braço é braço

Ó Brasil, és tão amado
Teu povo é honrado
Invejado no universo
Nesta bandeira afamada
Não falta mais nada
Pede o tudo:
Ordem e progresso

Houve já um curioso
Que perguntou nervoso
Brasil, onde vais parar?
E respondo sempre a todos
Hom o mesmo orgulho
Irei para um lindo futuro

As flores e os Espinhos (Carlos Cachaça)

Enquanto houver flores no seu jardim
Você não se lembra dos meus carinhos
Quando as flores murcharem eu quero ver você
Beijar espinhos

Mas se que nesta vida tudo passa
E se esvai como a fumaça
A própria felicidade
E hoje por sonhares com a riqueza
Desprezas minha pobreza
Para que tanta maldade

Amor De Carnaval (Carlos Cachaça)

O Amor Que Nasce No Carnaval
Não Faz Mal A Ninguém
É Alimentado Com Sorrisos
Barulhos De Guizos
E Valor Não Tem

Passo Estes Três Dias Infernais
Desaparece As Fantasias
E Também Desaparece
Aquele Amor
Que Nasceu Nos Três Dias
E Depois Só Se Conhece
Por Acaso Quem Chamou
Pelos Cantares Brejeiros
Dançares Maneiros
Que Nos Ensinou

Alvorada (Cartola/ Carlos Cachaça / Hermínio Bello de Carvalho)

Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo

Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
E o que me resta é bem pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Nesta estrada perdida

Acabaram de Ouvir (Cartola / Carlos Cachaça / Aluízio Dias / Manoel da Leiteria)


Acabaram de ouvir
Quase um louco
Um homem que não
Amou pouco
Amou demais e sofreu
Quem ama assim
É covarde
Termina fazendo alarde
Quando por uma mulher
Se venceu

Essa famosa tragédia
Passou-se um dia
Comigo
Amei demais
E não fui compreendido
Acreditei no amor
E também na criatura
Nas suas juras
E no amor fingido

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Meu Regresso (Monarco)

Voltei ao Rio antigo
Pra rever meus bons amigos
Que aqui deixei (que aqui deixei)
A saudade me apertou
Eu não pude resistir
O bom filho à casa torna
Aqui estou à sorrir
Ah minha Portela
Suas cores tão belas e tanto me seduz
Dores de saudade sinto
Juro por Deus e não minto
São saudades de Oswaldo Cruz

Portela de Paulo e do Claudionor
Fazem partem da história do samba
Também merecem louvor
Disse um humilde poeta
Frases que devo lembrar:
Se eu for falar da Portela não vou terminar

sábado, 28 de abril de 2012

Vou votar em Madureira (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Já são três horas
No relógio da matriz
E o almoço até agora ainda não fiz
Logo hoje que é dia de eleição
Está custando a cozinhar o meu feijão
Ainda tenho que passar na costureira
Pra pegar o meu vestido
Vou votar em Madureira
Mas sairei com prazer do meu lar
Pra votar, só se for
Só se for no Ademar

Só uma dona de casa
Conhece a situação
Lavo roupa o dia inteiro
Mesmo assim não chega não
Meu marido andava triste
Nem queria mais votar
Mas comprou um terno novo
Pra votar no Ademar

Vou guardar meu pandeiro (Herivelto Martins)

Eu vou guardar o meu pandeiro
Até a paz em casa de novo voltar
Não vou mais sambar
Não vou mais batucar
Eu sei que a minha turma
Vai na certa estranhar
Mas vou guardar o meu pandeiro
O mundo inteiro não vale o meu lar

Meu pandeiro batucou o ano inteiro
Agora o coitado tem que calar
Mas não faz mal
Batuqueiro não estranha não
No batuque de casa
O pandeiro da rua só traz confusão

Venderam o Morro (Herivelto Martins)

Eu soube que venderam
O morro da mangueira
Que bobagem, que asneira
Ficou sem teto
A gente lá do barracão
Não respeitaram
Nem a velha tradição


Barracão é sinônimo de pobreza
Barracão é antônimo de tristeza
Quem tira de um sambista o barracão
Ou não gosta de samba
Ou não tem coração

Velho descarado (Herivelto Martins)


Eu era moço e aproveitei minha vida
Fui me cansando ficando velho e parei

Depois de velho à mesma vida voltei
Quanto mais velho mais descarado

Desde menino
Que venho pintando o sete
Minha vida começou
Quando fiz quarenta e sete
Velho é trapo que não se usa mais
Há muito velho que usa e abusa
E não dá pra trás

Vaidosa (Herivelto Martins - Artur de Morais)

Tens razão, tens razão
De ser assim vaidosa
És de fato formosa
Não há quem possa negar
Tens prazer
De maltratar o coração de alguém
Mas poderás um dia achar também
Alguém que não te queira mais

A formosura na mulher
É um defeito
Quando ela pensa
Que a beleza é um direito
Mulher bonita
É vitrine de avenida
Sempre formosa, sempre fingida

Tudo é samba (Herivelto Martins - Fernando Lobo)

Tudo é samba, Tudo é samba
É samba a morena que passa
Mexendo as cadeiras pra lá e pra cá

Tudo é samba
Tudo é samba, tudo é samba
É samba o vento que bate
Na crista bem verde das ondas do mar

É samba, tudo é samba
A estrela que corre no céu
A jangada que corre no mar

Um dia eu vou gritar
Tudo é mais samba
Quando ao som desse samba
Todo mundo sambar

O samba, nosso samba
Nasceu de um povo varonil
Por isso nosso samba
É verde e amarelo
Representa o Brasil
Representa esse povo sonhador
E um povo que canta
É um povo feliz, sim senhor

Treze de ouro (Herivelto Martins - Marino pinto)

Ela tem um treze de ouro
Pendurado no pescoço
Sexta feira só vai dormir
Depois das três da madrugada

E acende tanta vela
Não sei pra quem segunda feira
Eu desconfio que essa nega
É macumbeira

Tem nos pés um par de calos
Que prevê a chuva
Já leu na minha mão
Que vai ficar viúva

Se alguém sem querer
Quebra um prato ou um copo ela diz
Você vai ficar rico
E não demora muito


Se entornam bebida na mesa
Diz que é sinal de muita saúde
De felicidade
Em tudo vê assombração
Se encontra um gato preto
Dá doce pra Cosme e Damião

Três de julho (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)


Trabalha, trabalha nêgo
Não há mais preconceito de cor
É lei o presidente assinou
O preconceito acabou
Depois do treze de maio
O três de julho chegou
Pra completar a abolição
Deus que proteja o chefe da nação
Que livrou uma raça de tamanha humilhação

Negro foi José do Patrocínio
Negros também foram
Os olhos de Maria
Enquanto o branco sorria
Negro sofria de paixão
Até que um dia a Princesa Isabel
Com uma tinta bem negra
Assinou decretando a abolição

Trabalha mulher (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Muita gente acha feio
A mulher trabalhar
Mas o trabalho só honra nos trás
É permitido a qualquer um trabalhar
Trabalha, trabalha mulher
É o progresso deixa falar que quiser

Antigamente a mulher não podia votar
Para escolher o chefe da sua nação
Agora não, agora não
Há mulheres no lar e na repartição

Teu erro (Herivelto Martins - Artur Camilo)

Tivestes tanto tempo pra errar
No entanto, foste errar no fim da vida
Pensavas talvez que fazendo o que fizeste
Buscavas felicidade,
Mas não tem tempo
De gozar este teu erro
Estás mais perto do castigo
Do que da felicidade

Podes passar pela rua onde eu passar
É com prazer que respirarei o mesmo ar
Não quero que desapareças de mim
Porque eu hei de viver
Pra assistir teu sofrer até o fim

Telefone lá pra casa (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Telefona lá pra casa logo mais
Dizendo a hora que eu vou lhe apanhar
Eu saio do trabalho às cinco horas
O comércio fecha às seis,
Dá tempo de comprar
Sem fantasia é que nós não podemos ficar

Fiz um vale de quinhentos
Pra comprar sua baiana
Vou ficar endividado
Mas você há de sair toda bacana
Eu, não faz mal
Um macacão de quarenta
Tá feito o meu carnaval

Tamborim (Herivelto Martins - J. Soares)

Tamborim, tamborim
Porque tu bates com tanta cadência assim
Porque tu bates com tanta cadência assim

Tamborim, Tamborim
O teu bater me faz lembrar um triste fim
O teu bater me faz lembrar um triste fim


Tamborim, Tamborim
Fazes lembrar um pobre coração
Que por uma paixão também bateu assim
Bateu, bateu cadenciadamente
Com o bater dolente de um tamborim

Tamborim, tamborim
Porque tu bates com tanta cadência assim
Porque tu bates com tanta cadência assim

Tamborim, Tamborim
O teu bater me faz lembrar um triste fim
O teu bater me faz lembrar um triste fim

Por isso mesmo pelo mundo afora
De tristeza chora alguém de paixão
Quanto mais bate na sua cadência
Mais eu sinto a ausência de um coração

Seu endereço (Herivelto Martins)

Procuro esquecer seu endereço
Para não me lembrar do passado
Embora não me saia do pensamento
Não sou mais aquele homem alucinado

Eu já mandei tirar meu telefone
Pra ela nunca mais telefonar
Rasguei meu livro de notas
Que tinha o seu endereço
Pois eu querendo esquecê-la, esqueço
Voltar atrás eu não devo, porém se eu fracassar
Não digam que eu fui o primeiro a voltar

Seu coração é seu mestre (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Seu coração é seu mestre
O mundo seu professor
Eu poderia ficar
Mas viver neste lar
Sem você concordar, não
Se algum amigo por mim perguntar
É melhor dizer que eu vou voltar

Pode retirar o meu retrato da mesinha
Mas não ponha outro já no seu lugar
Pode ser que o coração esteja enganado
E eu acabo regressando
Não, não é a primeira vez
Nossas brigas não duraram
Nunca mais de um mês

Sem ela (Herivelto Martins)

Eu era tão diferente
Sem ela, sem ela
E ela me apareceu
De repente, de repente
Agora eu vivo com ela
Contente
Mas a minha mudança
Quem é que não sente

Os amigos me aconselham
Manda essa mulher embora
Ela já soube
Coitadinha como chora
Sem eles não vivo bem
Sem ela muito pior
Mas, contudo
Viver pra ela é melhor

Se o morro não descer (Herivelto Martins - Darci de Oliveira)


Se a turma lá do morro
Fizer greve e não descer
A cidade vai ficar triste
Carnaval vai morrer

O tamborim já está de prontidão
Estão de guarda a cuíca e o violão
Em toda a cidade é um grito de socorro
Se a escola não descer
Carnaval vai ser no morro

Todos os morros estão querendo saber
Qual é a ordem que tem que prevalecer
Se as escolas não tiverem liberdade
Carnaval vai ser no morro
Ninguém desce pra cidad
e

Se ela sente saudades (Herivelto Martins - Valdemar Gomes)

Se é que ela sente saudade
Por que é que não vem me falar
Pois do contrário jamais
Minha voz ela ouvirá
Ela já sabe
Que a jura que eu fiz
Eu não vou quebrar

Se ela voltasse pra casa talvez
Compreendesse o mal que me fez
Ela não vem e eu não vou procurar
Eu não procuro, ela não quer voltar

Se é por falta de adeus (Herivelto Martins)

Você vem,
Você fica e não sai
Você veio tão cedo
Que até almoçou
E depois pra fazer companhia
Você foi ficando
E até já jantou

Já são sete horas da noite
E você só ensaia sair
Mas não sai
Você não entende
As piadas que eu jogo
Se é por falta de adeus,
Até logo, até logo

Se a dor que mora n'alma
No meu rosto se estampasse
Talvez na minha casa
Você nunca mais voltasse

Você é um castigo
E castigo eu não mereço
Pelo amor de Deus
Esquece o meu endereço

Se a vida não melhorar (Herivelto Martins - Príncipe Pretinho)

Se a vida não melhorar , meu amor eu não vou sair
A fantasia de seda Teresa não vai vestir
E o quimono amarelo que você comprou vai voltar
Diz que ficou apertado e traz o dinheiro
Que eu vou precisar

E diz a criançada
Que o papai desempregou
O dinheiro que se tinha
Há muito tempo se acabou
Fantasia não é coisa
De muita necessidade
E na hora do aperto
O dinheiro é que fala a verdade

Saudade da Mangueira (Herivelto Martins)


Tenho saudades da Mangueira
Daquele tempo em que eu batucava por lá
Tenho saudade do terreiro da escola
Eu sou do tempo do Cartola
Velha Guarda, o que é que há?

Eu sou do tempo
Em que malandro não descia
Mas a polícia
No morro também não subia

Aí Mangueira,
Minha saudosa Mangueira
Depois que o progresso chegou
Tudo se transformou
E a Mangueira mudou
Já não se samba mais
À luz do lampião
E a cabrocha não vai pro terreiro
De pé no chão

Ritmo do Coração (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

E enfim meteram o samba
Na cabeça do estrangeiro
Nem que seja preciso
Eu cantar o ano inteiro
O samba é alegria
O samba é paixão
O samba tem o mesmo
Ritmo do coração

O samba quando é triste faz chorar
E quando é alegre faz cantar
É a melodia encantada
Que revela nossas mágoas
Sem a gente dizer nada

O samba é melodia feiticeira
Que deve dominar a terra inteira
Um samba saltitante,
Alegre e bem brejeiro
Diz quanto é feliz
O povo brasileiro

Rei sem coroa (Herivelto Martins - Valdemar Ressureição)

Que rei sou eu
Que vive assim atôa
Sem reinado e sem coroa
Sem castelo e sem ninguém
Rainha nunca tive, nem mereço
Sou o rei, mas reconheço
Ser vassalo de outro rei
Reinado meu destino não traçou
Bem sei que me fizeram rei
Mas eu não sou

Eu canto minhas mágoas
Meu sofrer ao violão
O samba é meu tesouro
Minha nobre tradição
Eu tenho um simples eu
Um eu que deus me deu
O rei que vocês falam não sou eu

Quero Esquecer (Herivelto Martins - Príncipe Pretinho)

Quero esquecer mas não posso essa mulher
Que faz de mim o que quer que coisa louca
Ela, Ela, o que seria da minha vida sem ela

Eu já pensei em trocar seu amor
Por um outro amor qualquer
Eu já pensei em levar
Para o meu velho lar outra mulher
Mas não consigo esquecê-la, reconheço
E graças a Deus não esqueço

Quem vem descendo (Herivelto Martins - Príncipe Pretinho)

Quem é que vem descendo o morro?
Lamentando, lamentando
Arrebanhando a gente
Que vem descendo cantando

Quem é que vem descendo o morro
É o Laurindo que vem sua turma guiando
Oi, que vem sua turma guiando
Oi, que vem sua turma guiando

A caravana do Laurindo
O lamento a gente ouvindo,
Não pôde calar
Há no seu canto a tristeza
De lendária beleza que o tempo guardou
Tristeza que vive num bronze
Que a sambar na Praça Onze,
Laurindo ganhou

Quem manda na minha vida (Herivelto Martins - Raul Sampaio)

Quem manda na minha vida sou eu
Quem manda na minha vida sou eu
Deixa a noite me envelhecer
Deixa o sereno em meu rosto cair
Eu gasto tudo com ela
Estou gastando o que é meu
Quem manda na minha vida sou eu

Amigos noite e dia me aconselham
Cuidado com essa mulher
Eu gosto dela demais
Quem gosta perde a razão
Por isso eu não aceito opinião

Que rei sou eu? (Herivelto Martins - Valdemar Ressureição)

Que rei sou eu?
Sem reinado e sem coroa
Sem castelo e sem rainha
Afinal que rei sou eu?
O meu reinado
É pequeno e é restrito
Só mando no meu distrito
Por que o rei de lá morreu

Não tenho criado de libré
Carruagem sem mordomo
E ninguém beija meus pés

Meu sangue azul
Nada tem de realeza
O samba é minha nobreza
Afinal que rei sou eu?

Quatro Horas (Herivelto Martins - Francisco Sena)


Quatro horas da madrugada
Mulher porque veio tarde assim
Você quando vai pra orgia
Emendando a noite ao dia
Não se lembra mais de mim

Eu sou bondoso demais
Embora tenha ciúme
Se alguém vir o que você faz
Vai pensar até que é costume

Muda o seu proceder
Isso não lhe fica bem
Mais tarde pode se arrepender
Se eu lhe abandonar por alguém

O galo já está cantando
O dia está amanhecendo
Agora que você vem chegando
E o meu amor vai morrendo

Quando Amanhece (Herivelto Martins - Raul Sampaio)


Quando amanhece e o sol penetra na janela 
Eu me recordo tanto dela de manhazinha a me beijar
Agora eu choro, inutilmente a Deus imploro
Se o sol não vem pela manhã me despertar
Quem é que vai me consolar

Mas quando anoitece e o sol desaparece
Cai a tristeza em meu lar e eu fico a meditar
Será que ela vai regressar

Quando a idade chegar (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Quando a idade chegar
E o espelho mostrar
O estado em que estás
Hás de pensar nos amigos
Que já não te conhecem mais

Orgulho, vaidade
Sempre foi teu bem estar
Não adiantou te aconselhar
Não sou feiticeiro, mas prevejo seu fracasso
Cairás muito cedo de cansaço

Prometeu me ajudar (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Prometeu me ajudar
Até hoje não me ajudou
Prometeu me abandonar
Até hoje não me abandonou

Não me ajuda
Nem tão pouco vai se embora
Vão dizer que é maldade
Se eu puser-te porta afora

Não me ajuda
Tudo nele é fingimento
Se reclamo a minha sorte
Me cozinha em fogo lento

Preto e Branco (Herivelto Martins)


Sou o branco, tu és o preto
E sei que somos amigos leais
Preto na cor, branco na alma
A natureza não nos fez iguais

Tu és o preto, mas ninguém me dar valor
A alma é branca, mas eu sou preto na cor
Mas não importa, também tenho o meu amor
Tu temes como qualquer, pouco importa nossa cor

A nossa vida é tão negra como a cor
Vivemos tristes suportando a mesma dor
Eu sofro muito, mas suporto a minha dor
Só por isso sou feliz, pouco importa nossa cor

Praça Onze (Herivelto Martins - Grande Otelo - Castro Barbosa)

Vão acabar com a Praça Onze
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim, chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro, Mangueira, Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai
Porque a Escola de Samba não sai

Adeus, minha Praça Onze, adeus
Já sabemos que vais desaparecer
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração
E algum dia nova praça nós teremos
E o teu passado cantaremos

Porta Afora (Príncipe Pretinho - Herivelto Martins)

Eu saio porta a fora
E penso vou-me embora
Disposto a nunca mais regressar
Se ela abre os braços
E eu tenho que ficar
Eu devo atender minha razão
E eu não sei devo aceitar ou não
É aí que o homem muda de opinião

Eu sempre que deixei meu lar
Fui obrigado a voltar
A gente vive só um dia, dois ou três
Não resiste e volta pra casa outra vez

Pedindo a São João (Darci de Oliveira - Herivelto Martins)

Eu fiz uma oração
Pedindo a São João
Pra me dar felicidade
E tranqüilidade ao meu coração

A terra inteira
Iluminou-se com a fogueira
Iluminado está também meu coração
Eu sou triste palhaço
Que vive na ilusão
Implorando a São João

A noite é linda
O céu está todo estrelado
No firmamento
Mil balões estão vagando
E eu vivo esperando
Com o coração penando
Ao meu santo implorando

Para de gritar (Herivelto Martins)


Para de gritar
Ai, ai, ai, ai, ai
Não suporto mais
A noite inteira
Esse ai, ai, ai, ai, ai

Anunciaram a campanha do silencio
Mas onde houver um samba
Ninguém vai silenciar
Pode o mundo deixar de girar
Mas a roda do samba não pode parar

Palhaço (Herivelto Martins)

Eu assisti de camarote
O seu fracasso
Palhaço, Palhaço
Quem gargalha demais
Sem pensar no que faz
Quase nunca termina em paz

No livro de registro dessa vida
Numa pagina perdida
O teu nome ha de ficar
Registram-se os fracassos
Esquecem-se os palhaços
E o mundo continua a gargalhar

Ouro Preto (David Nasser - Herivelto Martins)

Quando o velho sol de Minas
Deixa na mata uma esteira
E depois vai descansar
Na serra da Mantiqueira
A gente fica cismando
Em tudo que já passou
Desde quando o velho sol
O chão de minas beijou

Ouro Preto,
Das tuas ruas sinuosas
Parece o verão ?????
As almas dos teus escravos
Mas vejo também altivas
As figuras redivivas
Dos teus heróis e teus bravos

Ouro Preto,
Nas casas coloniais
Onde depois nunca mais
Se ouviu a voz de Dirceu
Marília procura ainda
Na sua amargura infinda
O amor que não morreu

Ouro Preto,
De que valeu tua história
O teu passado de glória
Minha esquecida cidade
Se na memória se apaga
O que nunca, nunca se paga
O preço da liberdade

Opinião de mulher (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)


Para dizer a verdade
Eu vou lhe confessar
Eu senti muita saudade
E tive que voltar
Encontrei tudo mudado
E você já não me quer
Vou lhe mostrar o quanto vale
A opinião de uma mulher

Eu é que não voltaria
Se pudesse adivinhar
Que encontrava em nossa casa
Uma outra em meu lugar
Eu agora vou-me embora
Se voltei foi porque quis
Estou muito satisfeita
Passe bem e seja feliz

Olinda (Herivelto Martins - Heitor dos Prazeres)


Olinda chega à janela
Vem ó bela ouvir a voz do teu cantor
Ó linda, é madrugada
A noite está enluarada meu amor
Somente a lua compreendeu minha dor

Muita gente não entende
O que é um padecer
Só a lua compreende
Minha mágoa, meu sofrer

Na seresta digo tudo
Mas não sei estão me ouvindo
Chega ao menos na janela
Vem mostrar que não está dormindo

Odete (Herivelto Martins - Dunga)

Odete ouve o meu lamento
Lamento de um coração magoado
Atenda o seu pobre seresteiro
Vem de novo pro terreiro se juntar à sua gente
Não ouve o seu coração que ele mente

Lá no morro da mangueira
Quando sol vai se escondendo
As cabrochas vão saindo
Procurando a batucada
Quando a noite vem chegando
E a lua vem surgindo
Há tanta gente que sobe
Só você não vem subindo Odete...

Olha que o primeiro ensaio é dia 27

Obrigado General (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

O morro inteiro sabia
Que a Praça Onze voltava
Voltou, está aí
Pra quem quiser sambar
Sambar até cansar
Já se ouve o som do tamborim
Anunciando que vai haver carnaval
A cidade agradece
Obrigado, General!

Não há mais pirâmide
Na Praça Onze, não
Há samba, há samba
Providência de Deus
E quem já chorou
A sua destruição
Agora festeja a ressurreição

Obrigado, General
Tamborim de continência
Obrigado, General
Oi, a cuíca tá roncando
Obrigado, General
Olha o ritmo saudando
Obrigado, General
Tamborim de continência

Nova Copacabana (Heirvelto Martins - David Nasser)


É bonita essa Copacabana
É bonita é bonita demais
Quem a viu alguns anos atrás
Não a conhece mais
Copacabana das lindas morenas
Das boates e arranha céus
No inverno acalenta os casais
No verão é bonita demais

Quem enxuga o teu corpo moreno
Capital proibida do amor
É o sol cujos beijos na areia
São toalhas de luz e calor
Se eu tivesse mil anos de vida
Novecentos e noventa e nove
Viveria em Copacabana
Que é bonita até quando chove

Nossa Separação (Herivelto Martins - Heitor dos Prazeres)

Depois da nossa separação
Eu refleti a ingratidão
Seu beijo era minha alimentação
Meu lar era o seu grande coração
Você levou alegria
E eu fiquei nessa solidão

É triste viver
Num lar sozinho
Sem carinho de ninguém
Volta, volta
Eu preciso de você meu bem

No picadeiro da vida (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)

No picadeiro da vida
Também já fiz palhaçadas
Hoje revendo o passado
Vou dando as minhas gargalhadas

Quando o palhaço adormece
Todo mundo esquece
Palhaço não deve chorar
No picadeiro da vida
Palhaço tem obrigação de gargalhar

No meu colchão (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Na minha casa você pode até viver
Minha comida você pode até comer
Mas vá dormir onde quiser me deixe em paz
No meu colchão você não dorme mais

Eu que fiz tudo pra mostrar o bom caminho
Hoje desprezo totalmente o seu carinho
Minha palavra é de rei, não volto atrás
No meu colchão você não dorme nunca mais


Nem a Deus (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Nem a Deus eu sei mais implorar
Como é que tu queres
Que eu implore a ti
Eu não creio mais em ninguém
Já cansei de sofrer
Mas enfim aprendi

Tu eras uma santa
No altar da minha vida
Santa fingida
Milagre nunca fizeste
Perante o amor só pecaste
Descubro agora que o santo sou eu

Nêga manhosa (Herivelto Martins)


Levanta, levanta,
Nêga manhosa
Deixa de ser preguiçosa
Vai procurar o que fazer
Nêga deixa de fita
Prepara a minha marmita
Levanta nêga, vai te virar

Deixei embaixo do rádio
Uma nota de cinqüenta
Vai à feira, joga no bicho
E vê se te agüenta
Economiza, olha o dia de amanhã
Eu preciso do troco
Domingo tem jogo no Maracanã
Do bate bola eu sou um fã

Não tem mais jeito (Herivelto Martins - Benedito Lacerda )

Enquanto eu puder esconder a verdade
Nada revelarei

Já chega a vergonha que eu passei
Já chega o dinheiro que eu gastei
Mulher quando perde a vergonha e o respeito
Não tem mais jeito, não tem mais jeito
Eu já desprezei essa mulher
Hoje ela faz o que bem quer
Conta um história diferente a cada amigo
Mas a verdadeira eu guardo comigo

Não posso nem comigo (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)


Eu não posso nem comigo, baiana 
Como é que vou te levar
Eu não posso nem comigo, baiana
Como é que vou carregar seu samburá

Quem bebe água de coco
Na praia da Amaralina
Esquece Copacabana
Cai nos braços da baiana
Mas eu tenho compromisso
Lá no Rio de Janeiro
Respeita o pai de santo
Vai baixar n'outro terreiro

Não me conheço mais (Herivelto Martins)


Eu já não me conheço mais
Não sou o mesmo que era anos atrás
Topava qualquer parada
Ia até de madrugada
Mas agora é diferente
A mulher é que manda na gente

Quem mandou eu me casar
Com quem não sabe sambar
Eu já dei meu tamborim
A um que possa tocar
No outro tempo meu Deus
Eu tinha opinião
Abandonava a mulher
Mas a batucada é que não

Não fiquei louco (Heirvelto Martins - Príncipe Pretinho)

Se eu não fiquei louco
Faltou muito pouco
Quando ela me disse a chorar
Não ponha outra no meu lugar
Eu vou, mas meu coração vai ficar

Não há quem possa
Dominar uma mulher
Quando ela cisma de fazer
De fazer o que ela quer

O que é melhor é mesmo
A gente não ligar
Quem é que pode evitar
Caprichos de mulher

Não era Adeus (Herivelto Martins - Cícero Nunes)

Eu bem dizia que não era adeus
Aquele aperto de mão que você me deu
Tantos meses separados pra depois você voltar
Tanto pranto derramado não devemos mais brigar

Eu sei que você sentiu falta de mim
Se você sentiu saudade, juro que também senti
Se você sofreu bastante, imagine o que eu sofri

Não é horário (Herivelto Martins - J. Costa)

O sol já vem raiando
Será que você estava ensaiado
Eu fico a suspeitar
Que você está querendo me enganar
Cinco horas da madrugada
Não é horário de uma pastora chegar cansada

Trabalhar, hoje eu vou sem almoço
Logo mais ficarei sem jantar
Se eu reclamo você diz
Que eu sou mau rapaz
Se eu aturo você abusa demais

O que eu não vejo é consciência
Nesse tal ensaiador
Não reconhece
Que eu sou um trabalhador

terça-feira, 24 de abril de 2012

Na Bahia (Herivelto Martins - Humberto Porto)

Na Bahia o nêgo macumba noite e dia
Fazendo muamba, tirando quebranto das Filhas de Santo
Terra de crença, lá nasceu a esperança
E a fé tão grande assim fez morada no Bonfim

Na Bahia tem, tem Orixá
Na Bahia tem arroz de unçá
Santo e comidas, tem canjerê
Na Bahia tudo tem molho de azeite de dendê

Morro de Santo Antônio (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)


Seu doutor não bote abaixo
Tem pena do meu barracão
Quem é rico se atrapalha
Pra arranjar onde morar
Quanto mais eu que sou pobre
Como vou me arrumar, pra me mudar
Seu doutor não bote abaixo
Tem pena do meu barracão

Seu doutor me compreenda
O progresso é necessário
Mas seu doutor,
Pense um pouco no operário

Meu barracão é todo o meu patrimônio
Por favor, não bote abaixo
O morro de Santo Antônio

Morro de Santa Teresa (Herivelto Martins)

Há um morro na cidade de São Sebastião
Onde o samba não vai, não vai, não
Esse morro é o morre de Santa Teresa
Onde o bonde é oitenta centavos
E o samba não pode fazer essa despesa

Pandeiro, tamborim e violão
Lá não tem cotação
Em morro de granfino o samba não vai não
Não vai não, não vai não
Mas eu vou...

Momentos de Tristeza (Herivelto Martins - Popeye do Pandeiro)

Também tenho
Meus momentos de tristeza
E quando choro
Tenho razão
Eu não, não sou
Melhor do que ninguém, eu não

Minha tristeza constante
Talvez um dia se apague
Ela não gosta de mim, não
Mas eu a quero ela sabe

Para esquecer a tristeza
Que trago em meu coração
Eu ando sempre sorrindo
Para viver na ilusão

Maria Loura (Herivelto Martins - David Nasser)

Teus cabelos cor de ouro
Quando o vento sacudia
Lembravam louras espigas
Soltas ao vento, Maria
Imaginei tuas tranças
Iluminando o meu ninho
Porém tu foste, Maria
Pedaço de mau caminho

Maria loura, são teus olhos tão azuis
Que eu penso até que Jesus
Tinha os seu da mesma cor

Maria loura
Teus cabelos são dourados
Bem se vê que foram pintados
Pelas mãos de nosso senhor

Maria do Socorro (Herivelto Martins - Blecaut)

Ai Maria do Socorro
Me socorre
Querida Maria
Senão eu morro

Já conquistei
Tantas Marias neste mundo
Maria da Penha, Maria das Dores
A ultima foi Maria da conceição
Mas você que é do Socorro
É que vai ser a minha salvação

Mangueira Não (Herivelto Martins - Grande Otelo)

Acabaram com a Praça Onze
Demoliram praças e ruas, eu sei
Podem até acabar com o Estácio
O velho Estácio de Sá
Derrubem todos os morros
Derrubem meu barracão
Silenciar a Mangueira, não!

Mangueira foi um morro
Que nasceu sambando
Mangueira foi um morro
Que viveu cantando

Mangueira nasceu
Mangueira cresceu
Fala tamborim
Fala bateria
Ninguém há de dizer
Que Mangueira faleceu
Mangueira não morre!

Madrugada (Herivelto Martins - Benedito lacerda)

Madrugada,
É tão grande a nostalgia
Um galo anuncia a alvorada
E vem rompendo o dia
O sol desponta com esplendor
E a passarada entoa um hino de amor

Também a lua
Transbordando de algria
Vai se escondendo
Quando vem rompendo o dia
Eu seresteiro que sou
Na minha alma de sonhador
Com os passarinhos eu canto
Essa canção de amor

Laurindo (Herivelto Martins)


Laurindo sobe o morro gritando
Não acabou a Praça Onze, não acabou
Vamos esquentar os nossos tamborins
Procure a porta-bandeira
E põe a turma em fileira
E marca ensaio pra quarta-feira

E quando a escola de samba chegou
Na Praça Onze não encontrou
Mais ninguém, não sambou
Laurindo pega o apito
Apita "evolução"
Mas toda a escola de samba
Largou bateria no chão
E foi-se embora cantando
E daí a pirâmide
Foi aumentando, aumentando

Lágrima (Herivelto Martins)


Lágrima,
Gota d'água salgada
Que às vezes recorda
Oceano da vida
Lágrima, ai meu Deus
Gota d'água salgada
Que às vezes conforta
Uma ilusão perdida

Quanta gente passa
A vida sem chorar
Porque não compreende
O bem que faz
E quando chega a hora
De chorar não pode mais
Porque a dor não volta atrás

Jurei (Herivelto Martins - José Messias)

Jurei quantas vezes jurei
Jurei nunca mais perdoar
Porém toda vez que ela vem
Meu perdão implorar
Não sei negar

Ela faz de mim o que bem quer
Acostumei com essa mulher
Quem muito apanha
Acaba perdendo a vergonha

Isaura (Herivelto Martins - Roberto Roberti)


Ai, ai, ai, Isaura,
Hoje eu não posso ficar
Se eu cair em teus braços
Não há despertador
Que me faça acordar
Não vou trabalhar
O trabalho é um dever
Todos devem respeitar
Ô, Isaura, me desculpe
No domingo eu vou voltar

Seu carinho é muito bom
Ninguém pode contestar
Se você quiser eu fico
Mas vai me prejudicar
Não vou trabalhar

Gigante Adormecido (Herivelto Martins)


É preciso despertar esse gigante adormecido
É preciso despertar esse gigante adormecido
Uma terra de riqueza pela própria natureza
Não precisa se curvar pra conquistar
O Brasil está é precisando de um homem
Que tire o paletó pra trabalhar

Senhores do conselho
É preciso concordar
Que a casaca e a cartola
Servem só pra atrapalhar
Eu não sei por que não fazem
Como faz o Ademar
Que tira o paletó pra trabalhar

Fala Claudionor (Grande Otelo - Herivelto Martins)


Porque será que em toda historia
Existe sempre uma mulher
Porque será, não és capaz de responder

Fala Claudionor e chora no meu ombro a tua dor
Fala Claudionor e chora no meu ombro a tua dor

Claudionor era um rapaz inteligente
Vivia a vida como vive tanta gente
Uma mulher na sua vida atravessou
Fingindo amiga, fingindo amor

Fez do rapaz um outro Claudionor
Fez do rapaz um outro Claudionor

Eu queria um adeus (Herivelto Martins - Príncipe Pretinho)

Eu queria que ela me desse
Um adeus despedida
Ao menos pra me consolar
Porém ela partiu
Sem me dizer adeus
E nem sequer olhou
Para os olhos meus

Eu não creio que exista
Nesse mundo alguém
Que quisesse também
Um grande amor
Igual ao que eu já tive
Que era a luz dos olhos
E foi-se embora sem me dizer adeus

Eu dei bom dia (Herivelto Martins)

Eu dei bom dia
E você não respondeu
Com certeza não ouviu
Ou então não entendeu
Você tão jovem ainda
Ainda não sabe o que quer
Tem ainda seus caprichos
Na idade de mulher
Aceite um abraço
Da escola de samba do Estácio
Que já vive há tanto tempo
E que ainda há de viver

A escola de samba assistiu a cidade nascer

Aquele requerimento
Que nosso chefe mandou
A escola inteira de samba endossou
Pedimos experimento e ninguém ligou
Por isso a escola de samba não sambou
Mas esse ano a escola parece que vai sair
Se você avenida consentir

Ela (Herivelto Martins - Príncipe Pretinho)

Se estou com ela sinto falta do meu lar
Se vou pra casa sinto muita falta dela
Ela, ela, ela
Quem me dera esquecê-la quem me dera

Eu amanheço, anoiteço e não esqueço
Meu grande caso de amor
Eu já entreguei ao coração pra resolver
Ele é quem sabe o que é que vai fazer

É tarde (Herivelto Martins - Darci de Oliveira)

É tarde, é tarde demais
Pra você se arrepender
Não quero reviver um amor
Que só me fez sofrer
Basta uma recordação
Meu arrependimento não merece perdão

Hoje vem arrependido
Implorando meu perdão
E pela primeira vez
Eu vou lhe dizer que não
Se lhe ajustar, (???)
Procura me esquecer
Porque eu já lhe esqueci

Duro Nêga (Herivelto Martins)

Duro nêga, isso mesmo
Não deixa o coração amolecer
Porque senão ele pode estragar
Sua vida seu viver
Não faça como eu
Não perca nunca a razão
O silêncio de um coração
Vale um milhão

Falei de mais
Disse tudo o que sentia
Ele não compreendeu
Do meu mal se aproveitou
Aceita amigo um conselho
De um coração que falhou

Duas lágrimas (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)


Duas lágrimas derramei 
Sofri tanto que sem querer chorei
Alguém viu minhas lágrimas rolarem
E no rosto secarem, também chorou bem sei

E tudo na vida é assim
O meu sofrimento acabou
E aquela tristeza sem fim
Do meu pensamento apagou
A lembrança daquelas
Lágrimas que derramei
Esse alguém ainda chora
E eu nunca mais chorei

Dois corações (Herivelto Martins - Valdemar Gomes)

Quando dois corações
Se amam de verdade,
Não pode haver no mundo
Maior felicidade
Tudo é alegria
Tudo é esplendor
Que bom que não seria
Se eu tivesse um amor

Eu sou poeta que canta
A lua quarto crescente
Sozinho, sem vida, descrente
Lua cheia onde estás que não clareia
Este triste coração
Vazio caramanchão

Doce Lar (Herivelto Martins)

Era ela quem lavava minha roupa
Era ela quem fazia o meu café
Era ela quem ficava lá no morro
Acenando o lenço branco, esperando eu sumir
Ela mesma me esperava todo dia
Ao bater da Ave Maria
Pra rezar e jantar e dormir

Doce lar, doce lar

Hoje dama da sociedade
Sem responsabilidade
Finge ser o que não é
No turbilhão de granfinos
Vai misturando destinos
Barracão e arranha céu
Pensa que mudou suas maneiras
Mas quem já viveu no morro
Não se esquece das goteiras

Desperta Dodô (Herivelto Martins - Heitor dos Prazeres)

Não acabou a Praça Onze, não
Ajeita a pancadaria
Dodô, mestre de harmonia
Que eu já mandei reunir o pessoal
Procura o pau da bandeira
Amarra na cumeeira
Se não achar estandarte não faz mal

Dodô, eu quero alegria
Vai ter ensaio de noite e de dia

Precisamos fazer
Um bom carnaval
Para o povo saber
Quem nós somos afinal
Pára um sambista,
Outro virá para substituir
Laurindo, os erros vão te derrubar
A nossa escola tem um luto pra guardar
E um herói pra festejar

Depois da separação (Herivelto Martins)

Depois de tantos meses de separação
Ela me encontrou e me pediu perdão
Confessou que pagou tudo o que me fez
E jurou não me enganar outra vez

Eu tive um bangalô, um lar
Na varanda um luar
Oh santa abandonaste o teu altar
Minhas preces se acabaram
Prometi não te esperar

Culpe-me (Herivelto Martins)

Culpe-me
E razão você tem
Pois eu sei que errei
Culpe-me
Logo a você que eu fui enganar
Cometi uma traição
E lhe peço perdão
Oh formosa mulher,
Me condene se quiser

Quem foi que neste mundo
Passou e não errou?
Errar é tão humano,
Que eu venho me acusar

Culpe-me, Culpe-me
Pode culpar-me
E até desmoralizar-me
Que eu não vou lhe criticar

Covarde (Herivelto Martins - V.de Abreu)


Covarde, confesse
Dê o seu braço a torcer
É melhor você nos falar com franqueza
É melhor você confessar a fraqueza
Covardia ou é doença ou defeito
Mas você viver fingindo é que não fica direito

Pra que mentir se você gosta dela
Pra que fingir se não há razão
Para o amor não há porta ou janela
Não se deve magoar o coração (não)

Controlando essa mulher (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)

Eu levei a vida inteira
Controlando essa mulher
Hoje em dia ela faz
O que ela quer
Eu vou me separar
Construir um novo lar
Construir um novo lar

Se a saudade apertar
Não me venha procurar
Se o coração reclamar
Sofre a dor sem chorar
Agora que nossa amizade está morta
Fica proibida de bater na minha porta

Consulta o teu travesseiro (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)

Consulta o teu travesseiro e me diz
Se é possível haver mais uma vez conciliação
Não é possível não, não é possível não

Fiz tudo pra ninguém me ver sofrendo
Meus erros levei tempos escondendo
Rebelde sempre fui teu conselheiro
Porém agora só te resta o travesseiro

Consciência (Príncipe Pretinho - Herivelto Martins)

Consciência, falou mais alto dessa vez
Consciência, mas quanto mal você me fez
Consciência, foi quanto tempo demorou
Consciência, até que enfim você chegou

Consciência que domina
Que o caminho reto ensina
A quem quiser caminhar
Consciência é quem alto sempre fala
Quando o coração se cala
Cansado de tanto amar

Como eu chorei (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)


Chorar como eu chorei,
Penar como eu penei
Jamais no mundo alguém
Procurou te querer bem
Talvez adivinhando o que eu passei
Eu choro porque não adivinhei...
  
O arrependimento
Cedo ou tarde sempre vem
E tu hás de sofrer
Como eu sofri também
Então eu te perdoarei
Por que, afinal de contas
Por quem foi que eu chorei?

Como a favela Mudou (Herivelto Martins - Rogério Nascimento)

De que forma a favela mudou
Como triste a favela ficou
Só parece que tudo morreu
Lá no morro onde o samba nasceu

Os encantos da minha favela
Seu passado, seus dramas de amor
Tudo isso morreu com o samba
Na batida final do tambor

Quero às vezes pegar na viola
Mas a vida nos dedos morreu
E eu digo tristonho à mim mesmo
Quem mudou não foi ela, fui eu

Carnaval com quem? (Herivelto Martins - Grande Otelo)

Fazer carnaval com quem?
Olho e não vejo ninguém
Dodô desapareceu
Claudionor foi em cana
E Laurindo morreu

Saudades do carnaval de 43
Se eu pudesse eu cantava outra vez
"Vão acabar com a Praça Onze"
Tempo bom que não volta mais
Saudade de outros carnavais

Vão acabar com a Praça Onze
Não vai haver mais escola de samba, não vai
Laurindo sobe o morro gritando
Não acabou a Praça Onze não acabou
E chora no meu ombro a tua dor

Fazer carnaval com quem?
Olho e não vejo ninguém
Dodô desapareceu
Claudionor foi em cana
E Laurindo morreu

Tempo bom que não volta mais
Saudade de outros carnavais

Caminho Certo (Herivelto Martins - David Nasser)


Eu deixei o meu caminho certo e a culpada foi ela
Transformava o lar na minha ausência
Em qualquer coisa abaixo da decência
Compreendi que estava tudo errado
E amargurado parti, perdoando o pecado
Mas deixei o meu caminho certo e a culpada foi ela.

Sei agora que os amigos que outrora sentavam à minha mesa
Serviam, sem eu saber, o amor por sobremesa
Acreditem, é muito fácil julgar a infelicidade alheia
Quando a casa não é nossa e é outro quem paga a ceia
Quando a casa não é nossa e é outro quem paga a ceia

Calado Venci (Herivelto Martins - Ataulfo Alves)

Calado, sofrimento eu passei
Calado, a ninguém reclamei
Silencio, foi a arma que usei pra vencer
Vencendo, consegui te esquecer

Em silencio eu chorei noite e dia
Minhas lágrimas ninguém via
Rolaram incessantes no meu rosto
Porque foi no coração que eu chorei
Só Deus sabe o sofrimento que eu passei

Cabrocha boa (Herivelto Martins - Ciro de Souza)


Que cabrocha boa
Que cabrocha boa
Que cabrocha boa
Que cabrocha boa

Na roda da batucada
Quando ela pega a sambar
A turma fica maluca
Começa logo a gritar

Quando ela passa na rua
O povo tem que parar
E sem querer todo mundo
Começa logo a gritar

Cabelos Brancos (Herivelto Martins - Marino Pinto)

Não falem desta mulher perto de mim
Não falem pra não lembrar minha dor
Já fui moço, já gozei a mocidade
Se me lembro dela me dá saudade
Por ela vivo aos trancos e barrancos
Respeitem ao menos os meus cabelos brancos

Ninguém viveu a vida que eu vivi
Ninguém sofreu na vida o que eu sofri
As lágrimas sentidas
Os meus sorrisos francos
Refletem-se hoje em dia
Nos meus cabelos brancos
Agora em homenagem ao meu fim
Não falem desta mulher perto de mim

Bom dia Avenida (Grande Otelo - Herivelto Martins)


Lá vem a nova avenida
Remodelando a cidade
Rompendo prédios e ruas
Os nossos patrimônios da saudade
É o progresso!
E o progresso é natural
Lá vem a nova avenida
Dizer à sua rival
Bom dia Avenida Central!

A União das Escolas de Samba
Respeitosamente faz o seu apelo
Três e duzentos de selo
Requereu e quer saber
Se quem viu a Praça Onze acabar
Tem direito à Avenida
Em primeiro lugar
Nem que seja depois de inaugurar
Nem que seja depois de inaugurar

Até a Volta (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)


Até a volta, agora sou eu quem parte
Não é possível viver sozinho em meu lar
Nenhum amigo encontrei pra me avisar
Todo mundo sabia até o dia que ela ia desaparecer
Infelizmente eu fui o ultimo a saber

Mais um coração ferido, mais um lar abandonado
Um amor desiludido, mais um bangalô fechado
Porém, a chave não darei a ninguém
O que ela me fez outra pode fazer também

Às três da Manhã (Herivelto Martins)

Às três da manhã ele guardou o apito e foi-se deitar
Não Bebeu, não sambou
Não bebeu, mas brigou
Só pra desabafar
No carnaval da vitória esperava uma coisa que o povo não fez
Ele apitou e animou, fez tanta miséria
Mas ninguém se guiou

Hoje existe um sambista malvado,
Um apito guardado e um coração ferido
Foi pracinha e voltou com glória
Queria tomar parte no carnaval da vitoria

Apogeu (Cícero Nunes - Herivelto Martins)


Depois que você está no apogeu
Se esqueceu do maior amigo seu
Mas se você fracassar pode me procurar
Porque o pouquinho que tenho
Chega também pra você

A vida tem duas escadas
Uma que sobe, outra que desce
E quase sempre quem sobe
De quem fica lá em baixo se esquece
Cuidado amigo a descida é cruel
Essa vida é um teatro
Cada um tem seu papel

Apita quem pode (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Apitou, apitou, apitou
Continua apitando
Continua mandando
Nosso diretor de harmonia continua
E esse ano a escola vai pra rua

Apita, apita, apita
Apita quem pode apitar

Quando o chefe é bom
Quando o chefe é mal
E nosso chefe está precisando de nós
Cada um por si tem que ajudar
Pois um homem só está sujeito a errar
Mas, se tal coisa acontecer
Perdoemos e lembremos,
Fomos nós que o elegemos

Amélia na Praça Onze (Herivelto Martins - Cícero Nunes)

Eu encontrei Amélia, lá na Praça Onze
Sentada, lamentando, lá no chafariz
O carnaval findou-se e eu não fui pra casa
Não vou porque não quero, não fui porque não quis

Ele andou me procurando
E conseguiu me encontrar
E delicadamente me pediu para voltar
Eu gosto muito dele, mas existe outra Amélia
Que mora em minha casa e passa fome em meu lugar

Adeus Praça Onze, adeus
Com os olhos rasos d'água
Ele cantava assim
Já sabemos que vais desaparecer
Mas de ti não havemos de esquecer
Amélia tem um grande coração
Canta samba para não se aborrecer
Acostumou-se aos reveses da vida
Só não se acostumou foi a passar sem comer !

Acorda Estela (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Acorda abre a janela Estela
Vem ouvir o teu cantor
Que batendo o tamborim, vai assim
Implorando o teu amor

Eu aqui cantando se chegares na janela
Lembra-me Romeu e Julieta na favela
Mas dessa história o desfecho é banal
E o nosso amor não tem igual

Vem ver esta noite
Que nasceu para quem ama
E também a lua
Que comigo te reclama
Há mais no ar e há mais ilusões
Dentro dos nossos corações

Acorda Escola de Samba (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

Acorda escola de samba, acorda
Acorda que vem rompendo o dia
Acorda escola de samba, acorda
Salve as pastoras e a bateria

No Morro
Quando vem rompendo o dia
Na escola também
Vem raiando o samba
A pastora amanhece cantando
E a turma desperta, entoando
Um hino de harmonia

A Tristeza (Herivelto Martins - Heitor dos Prazeres)

A tristeza me persegue
Aumentando o sofrimento meu
Vai-se a noite, vem o dia
Eu não tenho alegria

Deve haver um responsável
Pela minha solidão
Sempre existe alguém culpado
Da tristeza de um coração

A porta estandarte (Herivelto Martins)

Você foi porta estandarte do bloco
Sempre honrou seu lugar
Porém o tempo passou
A escola inteira mudou
Somente você continuou
Vamos respeitar a evolução
Entregue o estandarte pra conceição

Vão inaugurar o seu retrato
No recanto do salão
O retrato de 36
Quando você ganhou
Pela ultima vez
Atenda ao pedido da comissão
Entregue o estandarte pra Conceição

A Maria me controla (Herivelto Martins - Roberto Roberti)

A Maria da escola começou me dando cola
E de tanto me dar cola acabou me dando bola
E agora a Maria me controla

Boa esposa ela é, eu sei
Eu não posso me queixar, não, não
Mas é que a minha Maria me controla noite e dia
Sete anos de casado, acredite meu vizinho
Até hoje eu não saí sozinho

A lavadeira (Herivelto Martins)

Esta mulher já não me serve mais
Eu vou mandar esta mulher embora
Sem necessidade nenhuma, deu agora
Pra lavar roupa pra fora

Ela que era tão boa
Está cheia de mania
Eu já sei que mal é esse
Deve ser má companhia

Ela era tão calada
Mas agora é faladeira
Eu já sei que mal é esse
Doença de lavadeira

A Lapa (Herivelto Martins - Benedito Lacerda)

A Lapa, está voltando a ser a Lapa
A Lapa, confirmando a tradição
A Lapa é o ponto maior do mapa
Do Distrito Federal
Salve a Lapa!

O bairro das quatro letras
Até um rei conheceu
Onde tanto malandro viveu
Onde tanto valente morreu

Enquanto a cidade dorme
A Lapa fica acordada
Acalentando quem vive
De madrugada

A guerra acaba amanhã (Grande Otelo - Herivelto Martins)

Canta, canta, canta
Muita alegria nós precisamos irmãos
Tá terminando a tirania alemã
A guerra acaba amanhã

Nossos irmãos nós iremos abraçar
Quando essa guerra enfim terminar
E trocaremos seus cantís,
Suas mochilas, seus fuzís
Por tamborins, pandeiros e violões
E esse feito nós jamais esqueceremos
Pois guardaremos dentro dos nossos corações

A esperança do Brasil (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)


Vai sair da Garoa
O homem que vai governar o Brasil
Se Deus quiser não vai falhar
O bandeirante de uma nova geração
Será o novo timoneiro da nação
Nosso Cristo Redentor
Lá do Corcovado será seu professor

Na Bahia tem um homem que o mundo consagrou
Alagoas, Deodoro e Nabuco em Pernambuco
Mas na terra da garoa, num 22 de abril
Nasceu Ademar de Barros a esperança do Brasil

A Bahia te espera (Herivelto Martins - Chianca de Garcia)

Ô Bahia da magia,
Dos feitiços e dá fé,
Bahia que tem tanta igreja,
E tem tanto Candomblé.

Para te buscar,
Nossos saveiros,
Já partiram para o mar,
Iaiá Eufrásia,
Ladeira do Sobradão,
Está formando seu Candomblé,
Velha Damásia, da Ladeira do Mamão,
Esta preparando acarajé.

Para te buscar,
Nossos saveiros,
Já partiram para o mar,
Nossas morenas,
Roupas novas vão botar,
Se tu vieres irás,
Provar o meu vatapá,
Se tu vieres viverás,
Nos meus braços,
A festa de Iemanjá.

Vem, vem, vem,
Vem, vem, vem.
Vem em busca da Bahia,
Cidade da tentação,
Onde o teu feitiço impera,
Vem se me trazes seu coração,
Vem, a Bahia te espera,
Bahia, Bahia, Bahia, Bahia