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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Boas Festas (Assis Valente)

Anoiteceu, o Sino Gemeu
A Gente Ficou Feliz a Rezar
Papai Noel Vê Se Você Tem
A Felicidade Pra Você Me Dar

Eu Pensei Que Todo Mundo
Fosse Filho De Papai Noel
Bem Assim Felicidade
Eu Pensei Que Fosse Uma
Brincadeira De Papel

Já Faz Tempo Que Pedi
Mas o Meu Papai Noel Não Vem
Com Certeza Já Morreu
Ou Então Felicidade
É Brinquedo Que Não Tem

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Traíra comeu parente (Chico Santana)

O bambeia guiné
O bambeia guiné
Traíra comeu parente
Peixe bom é jacaré

Tráira comeu parente
Na beirada da lagoa
Quem não comeu jacaré
Não sabe que a carne é boa

O bambeia guiné
O bambeia guiné
Traíra comeu parente
Peixe bom é jacaré

Traíra comeu parente
Peixe bom é jacaré
Carangueijo não é peixe
Carangueijo peixe é

O bambeia guiné
O bambeia guiné
Traíra comeu parente
Peixe bom é jacaré

Eu comi uma traíra
Lá na casa da vizinha
Mas ficou atravessada
Na garganta uma espinha

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tudo mudou tão de repente (Chico Santana - Argemiro)

Tudo mudou tão de repente
Sozinho estou novamente
A muito tempo que procuro
E não consigo encontrar
Alguém que me faça feliz
E me saiba amar

Eu não sei se é meu destino
desde os tempos de menino
Vivo sofrendo assim
Eu não fui feliz com meu primeiro amor
Trago no peito essa grande dor
Por que sofro tanto assim
Minha cruz é tão pesada
Oh Deus tenha pena de mim.

Vida de fidalga (Chico Santana - Alvaiade)

Tu, que tinhas vida de fidalga
Hoje vive a pão e água
Coisa que me comoveu
Tu mudaste tanto, tanto, tanto
Que até provocas pranto
Em um homem como eu

Ao ver tua desdita feriu-me o coração
Quem passava a pão e vinho, hoje vive a água e pão
Foi tão pesado o castigo que o destino te deu
Que até provocas pranto
Em um homem como eu

Vaidade de um sambista (Chico Santana)

Um dia um sambista em sua vaidade
Disse que vitória pra Portela é banalidade
Mais tarde outro dizia
Mesmo derrotados cantaremos com alegria
Ganhar todo mundo sabe, sorrir e sente prazer
Mas o bonito é saber perder

A Portela enfrenta derrota como vitória
O seu passado é repleto de glória
O seu azul e branco quando desce é pra valer
Só a Portela sabe ganhar e perder

Silêncio (Chico Santana)

Silêncio
É o que resta para mim
Desde que você partiu
A minh'alma jamais sorriu
O meu peito soluça
E os meus olhos não querem ter,
Nenhuma lágrima
Porque...

Mas se meus olhos chorassem
Talvez aliviassem
Este tormento de dor
Quem sofre é meu coração
Guardando esta paixão
De um sofrimento de amor

Saco de feijão (Chico Santana)

Meu Deus mas para que tanto dinheiro
Dinheiro só pra gastar
Que saudade tenho do tempo de outrora
Que vida que eu levo agora
Já me sinto esgotado
E cansado de penar, meu Deus
Sem haver solução
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão

No tempo dos "merréis" e do vintém
Se vivia muito bem, sem haver reclamação
Eu ia no armazém do seu Manoel com um tostão
Trazia um quilo de feijão
Depois que inventaram o tal cruzeiro
Eu trago um embrulhinho na mão
E deixo um saco de dinheiro (ai, ai, meu Deus)

Quanto mais eu rezo (Chico Santana)

Quem te mandou antes viesse
Me abandona
Vê se de mim se esquece
Já pedia a Deus
Já rezei um prece
Quanto mais eu rezo mais "sombração" me aparece
Me aparece
Me aparece

Pranto (Chico Santana)

O pranto que é chorado interiormente
Deixa no coração uma dor pungente
Meus olhos sentem vontade de chorar
Nenhuma lágrima para derramar
Sorrir, já não posso mais
Chorar, já não sou capaz
Porque secou a fonte do meu pranto
Meu Deus porque eu sofro tanto

Ah se meu pranto revivesse
E em meus olhos corresse
Gotas d'água a derramar
Com os olhos razos d'água
Escondia minha mágoa pra desabafar

Portela Coquetel de Sambistas (Chico Santana)

Portela
É um coquetel de artistas
É um comitê de sambistas
Seu valores não tem fim
Suas pastoras formosas
Colhendo flores cheirosas no nosso jardim

Lá na Portela não tem General da Banda não
Nem tampouco jequitibá
Tem uma mocidade louca
Não é bafo-de-boca
Que derruba devagar

Mulher perversa (Chico Santana)

Perversa...arruinou a minha vida
Esqueçendo...as bondades que lhe fiz
Hoje ela volta chorando implorando perdão
Trago em meu a marca da ingratidão lalaiá
Os dias foram passando e como eu sofri
Mulher perversa como essa eu nunca vi

Lenço (Chico Santan - Monarco)

Se o teu amor
Fosse um amor de verdade
Eu não queria e nem podia
Ter maior felicidade
Com os olhos rasos d`água, me chamou
Implorando o meu perdão, mas eu não dou
Pega esse lenço, vai enxugar teu pranto
Já enxuguei o meu, o nosso amor morreu

Seguirei a ordem do meu coração
Não me fale de amor, nem tampouco me peça perdão
Eu não vejo honestidade em teu semblante
Falsidade isso sim eu vi bastante
Pega essa lenço e não chora
Enxuga o pranto, diga adeus e vá embora

Lamento de um Portelense (Chico Santana - Argemiro)

Nas asas da poesia eu voei
E para o povo eu ganhei o carnaval
Como todo portelense eu vibrei
Com aquele desfile magistral
Mas sexta-feira
Eu perdi minha alegria
Foi embora
Toda minha euforia
Vitoria para a Portela era banalidade
Mas da vitoria
Estou sentindo saudade
Vitoria para a Portela era banalidade
Mas da vitoria
Estou sentindo saudade

Hino da Velha Guarda da Portela (Chico Santana)

A Velha Guarda da Portela vem saudar
Com este samba para a mocidade brincar
Estamos aí, como vocês estão vendo
Estamos velhos, mas ainda não morremos
Estamos aí, como vocês estão vendo
Estamos velhos, mas ainda não morremos

Enquanto há vida há esperança
Diz o velho ditado, quem espera sempre alcança
Nosso teor não é humilhar a ninguém
Nós só queremos mostrar o que a Velha Guarda tem
Nosso teor não é humilhar a ninguém
Nós só queremos mostrar o que a Velha Guarda tem

Existe um traidor entre nós (Chico Santana)

Quem vê cara, não vê coração
Um sorriso também pode ser uma traição
Cristo também foi traído
Por Judas fingindo ser amigo
Com tanta ternura um beijo na testa lhe deu

E por trinta dinheiros lhe vendeu
Com um sorriso Cristo recebeu o beijo de ironia
Dando a impressão que nada sabia
Judas estremeceu ao ouvir sua voz:
Existe um traidor entre nós

Eu não sou do morro (Chico Santana)

Não sou do morro mas eu gosto de samba
Eu fui criado no meio de gente bamba
A minha vida como é tão bela
Oh minha,
Minha querida Portela
Conversa puxa conversa
E da conversa nasce a luz
Não acreditando venha em Oswaldo Cruz

Vem ver como é bonito
Venha sentir prazer
Que a velha Portela
É aquela até morrer (tu deve saber!!)

Dizem que o amor (Chico Santana - Argemiro)

Dizem que o amor
Faz a gente sofrer
Sem meu grande amor
Não poderei viver
Se eu disser que sim
E ele disser que não
É uma parte perdida
Que teve na vida
No meu coração

Se o amor traz sofrimento
Vou sofrer até o fim
Minha vida será um tormento
Se ele não disser que sim

O amor que lhe dedico
É uma obsessão
Imploro por favor
Não digas não

Desliza da vida (Chico Santana - Argemiro)

A vida não é somente doçura
Tem que haver amargura
Para se dar o valor
Eu tive a minha mocidade
Hoje sou um senhor de idade
Conheci sofrimento e dor
Amigos também já tive bastante
Não me faltavam um instante
Quando tudo me corria bem
Sumiram todos na minha adversidade
Agora não tenho nenhum
E para ter algum tem que ser de verdade

O destino traiçoeiro
Que de mim quis se livrar
Eu que era tão feliz
Quando construí um lar
Tive um deslize na vida
Por um motivo qualquer
Além d perder os amigos
Perdi também a mulher

Desdita (Chico Santana - Monarco)

Eu era muito jovem não pensava
Que a desdita me abraçava
foi por isso que perdi meu grande amor
Ela era tão linda e tão formosa
Como um botão em rosa
Um jardim em flor
Eu tinha 20 anos de idade
No rigor da minha mocidade
E pensava que o mundo era só meu
Por um capricho do destino
Quase chego ao desatino
Quando nosso amor morreu

Morreu caiu por terra
Toda minha ilusão
Andava pelas ruas chorando de paixão
Um certo alguém com piedade
Um dia me chamou:
Se queres um conselho de amigo eu lhe dou
Se é para esquecer peça coragem
Juro que não é miragem
Eu pedi com tanta fé que Deus me ouviu
Agora já não sinto mais saudade
Até a felicidade novamente me sorriu

De Paulo à Paulinho (Chico Santana - Monarco)

Antigamente era Paulo da Portela
Agora é Paulinho da Viola
Antigamente era Paulo da Portela
Agora é Paulinho da Viola

Paulo da Portela, nosso professor
Paulinho da Viola, o seu sucessor
Vejam que coisa tão bela
O passado e o presente
Da nossa querida Portela

Paulo, com sua voz comovente
Cantava, ensinando a gente
Com pureza e prazer
O seu sucessor na mesma trilha
É razão que hoje brilha
Vaidade nele não se vê
Oh Deus conservai esse menino
Que a Portela do Seu Natalino
Saúda com amor e paz
Quem manda um abraço é Rufino
Pois Candeia e Picolino
Lhe desejam muito mais

Corri pra ver (Chico Santana - Monarco - Casquinha)

Ouvi cantando assim
Oh Oh Oh Oh
A majestade do samba
Chegou chegou
Corri pra ver
Pra ver quem era
Chegando lá
Era a Portela

Era a Portela do seu Natal
Ganhando mais um carnaval
Era a Portela do Claudionor
Portela é meu grande amor

Era rainha de Oswaldo Cruz
Portela muito nos seduz
Foi mestre Paulo seu fundador
Nosso poeta e professor

Hino Portelense (Chico Santana)

Portela
Suas cores tem
Na bandeira do Brasil
E no céu também
Avante portelense para a vitória
Não vê que o teu passado é cheio de glória
Eu tenho saudade
Desperta oh! grande mocidade

As suas cores são lindas
Seus valores não têm fim
Portela querida
És tudo na vida pra mim

Academia do Samba "Hora de Caminhar" (Chico Santana)

Chegou a hora de caminhar, eu vou
Vou pra Portela que o samba já me chamou
Chegou a hora de caminhar, eu vou
Vou pra Portela que o samba já me chamou

Samba bonito na Portela é que tem
Academia do samba é lá também
Eu não vou ficar parado aqui conforme estou
Vou pra Portela que o samba já me chamou

Noite que tudo esconde (Chico Santana - Alvaiade)

Noite que tudo esconde
Onde está o meu amor
Estou cansado de procurar
Mas não há meio de encontrar
Noite que tudo esconde por favor
Devolva meu primeiro amor

A noite foi-se embora veio o dia
Levando minha alegria
Deixando comigo a dor
Hoje só me resta a nostalgia
Canto nessa melodia
Mais um drama de amor

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Graças ao Infinito (Chico Santana - Armando dos Santos)

Em 1º lugar eu quero a graça de Deus
Em 2º lugar quero a saúde e que Deus me ajude
Em 3º quero o dinheiro
Em 4º lugar quero a mulher
E o resto seja o que Deus quiser

Em preces eu solicito
As graças do infinito
Pois desejo sim tudo de bom para mim
Viver é sonhar
Sorrir e cantar
Sem blasfemar
Teu sofrimento qualquer
Pois o mundo é tão bom
Com saúde, dinheiro e mulher

domingo, 13 de junho de 2010

Zé ciumento (Aniceto do Império)

Interessante.
Não sou bonito.
Não tenho dinheiro na algibeira.
Porque tanta marcação do senhor Zé Ferreira?


Ter ciumes de mim, Zé Ferreira
É asneira! É asneira, é asneira

Ter ciumes de mim, Zé Ferreira
É asneira! [É asneira]
É ou não é? [é asneira]
É ou não é? [é asneira]

Não sou dono de armazém
Nem de barraca de feira
Por isso é que eu digo ciumes de mim,
Senhor Zé Ferreira, é asneira

Não repare o que lhe digo
Sinto a idade que estou
Sententa menos um
Finalidade acabou

Não sou novo igual a ti
Não sou homem de sujeira
Por isso é que eu digo ciúmes de mim,
Do Senhor Zé Ferreira é asneira

Zé Ferreira ciumento
Pela sua bela dona
Um conselho de otário
Compre já uma redoma

Sua mulher é gordita
Até na rua tem geladeira
A minha até mais, entretanto,
O senhor marcou tamanha bobeira

Vacilação não dá pé (Aniceto do Império)

Quer comer? Coma!
Quer beber? Beba!
Você pode até dormir se quiser
Só não pode é perder a linha Zé Mané
Aqui no bairro vacilação não dá pé
Aqui no bairro vacilação não dá pé

Eu ofereci comida, preferiste a bebida
Estás no alto do morro o pior é a descida
Então vem comigo

Já paguei pra mim cachaça já ofereci dormida
Vê se tu mantém a linha pra garantir sua vida
Cabeça maluco

Eu aqui sou conhecido por manter límpida razão
Vivo bem com o pacato melhor com o valentão
Mas eu tenho cabeça

Nossas senhoras casadas, também solteiras também
Se você diz palavrão, e assim não fica bem
Seu doido maluco

Um bocadinho só (Aniceto do Império)

Sapateia no cimento sem levantar pó
Com candência Dona Maria Jiló

Mas devagar Iáiá
Um bocadinho só
É devagar Iáiá
Devagar Iáiá

Quem sabe sapatear não levanta pó
Quer seja no asfalto ou em Gericinó

A Dona Maria é de Brocoió
Para sapatear legal é ela só

Com muita cadência e eloquência
Pra não perder a puxada
Devagar devagarinho Dona Maria descasca

Quem sapateia no Guaratimbó
Tem cadência é a noite ou após o sol

Minha gente, por favor, ouça com muito carinho
Acompanha o andamento do cavaquinho

Já solicitei com muita atenção
Acompanhe o violão como bate no bordão

O pessoal do ritmo tá enfezado
Dançando mutado batendo no riscado

Devagar devagarinho
É devagar devagarinho
Com cadência
Com eloquência
Que impertinência

Salve as coristas do Bocadinho Só
para cantar elas são a maior

Este partido gravado em sol, caí no ré e vim pro dó

Oi com cadência
Sem imprudência
Que providência

Raízes da África (Aniceto do Império)

Assumano, Alabá, Abaca, Tio Sani
E Abedé me batizaram na lei do mussurumi

Bonito, Assumano, Alabá, Abaca, Tio Sani
E Abedé me batizaram na lei do mussurumi
Ô quá!

Como vêem tenho o corpo todo cruzado e fechado
Carrego exé na língua, não morro envenenado
Assumano!

Viajei semana e meia daqui pro Rio Jordão
Lugar em que fui batizado com uma vela em cada mão
Alabá!

Cinco macota d'Angola me prepararam de berço
Enquanto Hilário Jovino me cruzou com sete terços

Mesmo assim, me considero um insigne mirim
Filho de cuemba não cai Ogum, Xangô, Alafim

Na volta do novelo (Aniceto do Império - Bijuzinho)

A agulha puxa a linha
Na volta do novelo tá
A agulha puxa a linha
Na volta do novelo tá

Isso é com a tia dela, que conhece a arte de costurar

Quando a linha está embaraçada, puxando a agulha vai arrebentar

A linha embolou deu nó não pode no fundo da agulha passar

Onde está o cavaquinho que eu não ouço ele tocar

Ih, Ih, Olha a Matilde se escangalhando, que bacana
Palminha pra ela gente
Ó Irandir
Palma pra Ilaíde que ela é fera
São as damas mais bacanas do país


A agulha puxa a linha na volta do novelo teu lugar eu falei

A linha picota, senta não costura, Panamá por tear

Tia Tereza, mulher cega como pode costurar e ainda diz

Ela vai puxando a agulha na volta do novelo tá

Tenho é terno de peroá não encontrei linha pra costurar

Disse si um funrural ataqua manda encampá
Vâmo embora gente

Se cada amora é de um ano vê se começas a bordar com o tear

Mocinho Cantador (Nilton Campolino)

Mocinho cantador afina tua viola e vem para a roda prosar

Eu aceitei o convite tenho prosa pra lerar

Diga primeiro teu nome filho de quem tu será?

O meu nome é invencível sou filho de Mangangá

Eu não creio em ameaça podemos bem disputar

Meu padrinho é o Capeta o meu brinquedo é cantar

Pois eu sou filho da cruz e neto de Jeová

Não provoca quem tá quieto para não te atrapalhar

Lhe digo que me garanto verso sem gaguejar

Verso dois por quatro quatro por oito oito por dezesseis quando quero brincar

Homem nao fala de nada só podemos lhe pagar

*** Falta o último verso do Aniceto****

Maria Sara (Nilton Campolino)

Conhecer Maria Sara como eu conheci
Foi respeitada no samba na terra onde eu nasci

Sapateado, passo variado fazia por brincadeira
Maria Sara provava ser filha de Madureira
Conhecer ...

Quando armava um pagode ela era convidada
Não faltava candidato, Maria Sara esnobava

Certa feita perguntaram quem é essa jóia rara
Ela ouviu e respondeu: "Eu sou a maria Sara"

O lugar que tanto louvo é a rua Buriti
à esquerda da João Lopes, direita da Tatuí

João do Rosário (Aniceto do Império)

João do Rosário!
João do Rosário!

Diga ao Zeca e a Dora que estou bem
No Rio de Janeiro não estou só
Dizem que pai e mãe é muito bom
Mas a barriga cheia é melhor
Dizem que pai e mãe é muito bom
Mas a barriga cheia é melhor

Depois de velho aqui estou
O meu filho caçula me levou
A Maria Eunice me cuidou
E depois tudo enfim acabou

No Rio de Janeiro não estou só
Disse que pai e mãe é muito bom
Mas a barriga cheia é melhor

Uma carta de Ilhéus me chamou
Volta ligeiro para Salvador
E de lá para Ilhéus eu lhe dou
Condução de avião, por favor

Que confusão danada me causou!
Eu to bem nessa terra onde estou
Nem a carta eu vou responder
Eunice pra mim é fulô

Essa carta tirou meu sossego
Mas o filho João não deixou
Aqui perto o Flamento dá show
Tem samba na escola onde vou
Na cidade de Ilhéus, meu senhor
Depois de velho aqui estou
Mas se ave Maria pra mim
Liberdade que é bom acabou

João do Rosário!
João do Rosário!

Indesejável mulher (Nilton Campolino)

Esta mulher já me perturba demais
Faz um ano e meio que executei minha paz

Não lava não cozinha
É deseducada
Só abandona o leito
Às nove da madrugada
Esta mulher ...

O cabelo não vê pente
Isto é uma constante
Usa lenço na cabeça
Que mulher horripilante
É por isso que eu digo ...

Mês passado resmungava
Invocada quase apanho
Porque tive a petulância
De mandá-la tomar banho
Esta mulher ...

E ainda tem ciúmes
Se parece com alguém ela diz
Faz um ano e meio
Que este mulato é meu bem
Vejam só...

Este é o meu viver
É perturbação demais
Preciso da liberdade
Pra ressucitar a paz
Só porque ...

Quem tem, tem (Aniceto do Império)

Quem tem tem, quem não tem vai arranjar
Quem tem tem, quem não tem vai arranjar

Se o amigo tem duas mulheres
Olha é bom deixar pra lá
Curtição da tua vida
É tarefa de cansar
Vão trabalhar!

Teu primo-irmão tem dinheiro
Você não quer trabalhar
E fica no botequim
Com os amigos a vagar
É de amargar!

Se passa um cidadão
Ficas ao admirar
Por ele estar bem trajado
Também pode se trajar
Sem raptar!

Muita gente aposentada
Às onze vai almoçar
É motivo para crítica
Sua doença é falar
Vai se matar!

Todo aquele que critica
Devia se preparar
Auto critica não fazes
Se referva e quer brigar
Assim não dá!

O Segredo da Tia Romana (Aniceto do Império)

Mãe a Tia Romana plantou cana
Pra São João festejar
Tia Romana cria gado
Como tem canaviar
Todo mundo dizia...

Não dá
Tia Romana [Não dá]
Olha Tia Romana [Não dá]

Foi plantada à meia-noite
E às onze foi cortada
Quem não conhece mandinga
Fica quieto pra acertar
Para não escutar que ...

No dia de Santo Antônio
Eu resolvi ir jongar
Quando chegou o demônio
Tia Romana pegou a pular!!
E quá quá quá!
E quá quá quá!
A meia noite surgia
Fedia enxofre no congá!
Todo mundo sabia...

O gado combina com a cana
A cana não quer combinar
O gado muge de raiva
E a cana faceira a se balançar!!
e dissendo não dá

Tia Romana ...
Só de oiá Romana
Deixa de ser teimosa, ô tia Romana!!
E bote a cabeça no lugar
Oh não sabe não dá!!!
Não dá!!
Olha Tia Romana

sábado, 20 de março de 2010

Atroz Cativeiro (Aniceto do Império)

Vovô perdeu a alforria foi namorar
Candengo mais novo de Sinhá
Vovô perdeu a alforria foi namorar
Candengo mais novo de Sinhá

Meu avô era o escravo que apanhava o cafundú
De enchada e capinava até pé munhunbú
Era ligeiro e sadio
Vivo que nem urubu

Meu avô foi para o tronco
Estava sentenciado
Trinta e cinco chibatadas e banho de mar salgado
Resistiu aos sofrimentos sem mostrar-se acovardado

Sinhá tava na janela olhando a execução
Depois de ver perguntava: cadê sua devoção
Nego não casa com branca nem por força de oração

Sete dias foi passado sinhazinha o chamou
Vamos tentar a fugida , ta sabendo do pelô
Mas a mucama escondida a conversa escutou
Fez candonga pra Sinhá que prendeu o meu avô
Assim termina a história e luta de um sofredor
Sinhazinha se matou

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Chegou Vila Isabel (Manezinho Araújo / Fernando Lobo)

Chegou chegou vila isabel
Onde o samba é mais dolente
Onde mora minha gente
Foi lá que nasceu Noel

Deixa eu cantar o meu samba
Deixa eu louvar meu poeta
Que partiu depressa
Mas partiu sorrindo
Façam mais silêncio porque ele está dormindo